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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Novo Castelão. Por uma nova torcida


O psicólogo social e historiador Michael Shermer em seu livro “The Science of Good and Evil” abre interessante debate, por um ponto de vista evolucionista, sobre a natureza humana no que se refere a moral e a ética. Em especial, ele aponta para vários estudos que dão evidências de como os seres humanos são “maleáveis” e podem agir de forma amoral. Análises com experiências científicas ou por observação de fatos históricos como o Holocausto mostram que uma das coisas que pode gerar comportamento violento de uma pessoa é simplesmente o contágio por um grupo.

Lendo seu livro lembrei-me do que acontece nos estádios brasileiros e de como a sociedade está cada vez mais refém dos atos de violência das torcidas organizadas que se alastram e que agora não ocorrem somente em estádios e seus arredores. Escuto sempre afirmações de que os atos de vandalismo e violência desses grupos é obra de poucos e etc. Acho uma simplificação perigosa. Esses poucos conseguem contagiar outros que acabam agindo, talvez inconscientemente, de forma similar.

O fato é que não há mais justificativa plausível para aceitar torcidas organizadas em estádios de futebol. Promover o agrupamento de pessoas em um espaço com o intuito de se preparar para uma batalha é, parafraseando Roberto Jefferson, “provocar os instintos mais primitivos” das pessoas. Estamos recorrentemente nos omitindo de tomar decisões definitivas quanto a questão. O novo PV foi uma oportunidade perdida como mostrou o último jogo do Fortaleza na Série C. Cometeremos o mesmo erro com o novo Castelão?

A proibição das torcidas organizadas deve vir imediatamente seguida da instituição da prática de se vender ingressos com lugares marcados. Se é verdade que são poucos os vândalos capazes de provocar tanta violência, distribuídos no estádio eles terão diminuída capacidade de agregar seguidores e de formar facções fanáticas. No mundo desenvolvido, os eventos esportivos são espaço de festa, emoção (nem sempre só de alegria, é verdade), mas nunca de guerra. Teremos que instituir essa prática na Copa das Confederações bem como na Copa do Mundo, por imposição da FIFA. Oportunidade melhor não há. Afinal, a quem interessa a situação reinante?

* artigo publicado no Jornal O Povo de hoje, coluna Opinião

Um comentário:

Menezes disse...

Parabéns pelo Artigo. Concordo plenamente !