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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Cidades Alegres e Motivadas

Quando escrevo e palestro sobre cidades inteligentes gosto sempre de enfatizar que cabe ao poder público criar um ambiente que motive a participação dos cidadãos na solução de seus problemas cotidianos. Uma das formas de fazer isso tem sido investigada no que vem sido chamada de " The Fun Theory"(algo como Teoria do Divertido).

Trata-se de uma iniciativa, originalmente patrocinada pela VW, para fomentar a inovação através de ideias que façam apelo ao divertido e lúdico para resolver problemas de mobilidade urbana. É algo que converge também com a onda atual de gamification que estamos tanto vendo na Web onde se busca criar situações de competição típica de jogos nos mais diferentes contextos.

Vejam dois exemplos nos vídeos abaixo para entender melhor do que se trata. A primeira ideia é simples. O valor da multa dos que foram flagrados pelos fotosensores em um certo local é acumulado em um bolão para ser sorteado por aqueles que passaram nos mesmos locais sem serem multados. A ideia vem sendo testada em  Stockholm na Suécia.

O outro vídeo mostra uma forma também simples para motivar a reciclagem de garrafas de vidro. Descubram.




domingo, 27 de maio de 2012

A Academia e a Cidade


Jocélio Leal, reputado jornalista do O Povo, fez nesse domingo uma provocação à todos que queiram se sentir incomodados. Disse que há uma enorme pobreza de ideias nas pré-candidaturas e no período pre-eleitoral e não deixou de fora a academia. Perguntou onde estão aqueles que foram pagos por dinheiro público para avançar o conhecimento.

Sou um dos que se sentiu inocomodado, pois concordo com ele de que temos, nós da academia, que sermos mais atuantes. Busco sê-lo. Não vou aqui discorrer que defendo isso ou aquilo outro. Não há espaço para tal. Vou somente indicar alguns textos que já escrevi no blog e/ou no próprio O Povo sobre temas ligados a nossas vida pública. Desde Segurança até limpeza urbana, tenho buscado contribuir.

Textos sobre Segurança Pública





Textos sobre Cidades Inteligentes




Textos sobre Cultura Cidadã





Textos sobre urbanismo





Tem muito mais no blog, basta pesquisar. Serve, no entanto, para dizer que me senti atingido, mas não visto a carapuça.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Leitura sobre Qualidade nas Interações

Essa sexta, dia 25 de maio, apresenta-se especial. A profa. Elizabeth Furtado recebe amigos, alunos e interessados no lançamento do livro que organizou. Qualidade da Interação de Sistemas e Novas Abordagens para Avaliação dará uma ótima visão do que tem sido desenvolvido no  Laboratório de Estudos do Usuário e da Qualidade do uso de Sistemas – LUQS da unifor e tem tudo para se tornar obra de referencia na área. 

Tenho a honra de fazer parte dos que contribuíram com o conteúdo do livro, mas sobretudo, tenho a honra de ter sua organizadora como esposa e companheira. Sua determinação aliada ao brilhantismo que permeia sua carreira não me são estranhos e certamente ficarão evidentes a você leitor que for conhecer a obra.  

O lançamento do livro será no centro de conveniência da UNIFOR as 19h. Venham todos. 

sábado, 19 de maio de 2012

As Belas Calçadas de Fortaleza (Cont)


Volto ao tema das belas calçadas de Fortaleza. Comecei a discorrer sobre o mesmo semanas atrás, depois de ter lido uma matéria do jornal O Povo sobre uma pesquisa feita pelo Mobilize Brasil. Nela algumas  calçadas de Fortaleza são consideradas pelos entrevistados como as melhores do Brasil.

A pesquisa foi feita por uma OSCIP(Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), fundada em 2003, e que atua nas áreas de educação, cultura e cidadania, chamada Associação Abaporu, organização sem fins lucrativos que lançou o projeto Mobilize Brasil. Não pude conseguir maiores detalhes sobre a OSCIP.

Concluir que Fortaleza tem as melhores calçadas do País é um contra-senso tão grande que logo a notícia virou piada nas redes sociais. Achei que a estória ia parar por aí mesmo, mas quando li o artigo da prefeita Luizianne Lins se vangloriando das calçadas da cidade e usando a pesquisa em questão, decidi escrever ao portal Mobilize Brasil para pedir maiores informações. Passados 15 dias, as respostas não vieram. Estimo que não virão e por isso decidi escrever o que penso independentemente das mesmas.

Não se pode lançar mão de informações feitas em pesquisas de opinião sem a mínima preocupação em compreender a forma como elas foram realizadas, pois isso vai impactar nas conclusões que podem ser tiradas. Infelizmente isso não faz parte da prática jornalística da maioria da mídia cearense. Reconheço que isso dificulta sobremaneira o trabalho e muitas vezes os meandros desse mundo, por mais que questionados, não são totalmente desvendados. Mas na maioria das vezes, não se precisa de muito detalhe.

Voltemos à questão das calçadas e foquemos primeiramente em um aspecto: o da escolha de que calçada será o alvo da pesquisa de opinião com os cidadãos. Trata-se de uma variável fundamental. Uma metodologia seria pegar o total de ruas da cidade e sortear aquela a ser investigada. Isto daria uma visão mais neutra da qualidade das calçadas independentemente de qualquer critério e a deixaria livre de um “bias” (termo em inglês comumente usado para dizer que a pesquisa está viciada). Assim, supondo que Fortaleza tem em torno de 50.000 ruas, a probabilidade de escolher a Bezerra de Menezes (rua que acabou de sofrer serviços de reparação da prefeitura) seria de 1 em 50.000. Pois não é que a Bezerra foi justamente uma das ruas investigadas ! Muita sorte da prefeitura, não (azar o nosso)?

Outra variável importante é a quantidade de calçadas a serem pesquisadas. Qual o valor que pode ser considerado significativo para que, ao final da pesquisa, possa-se dizer com algum grau de certeza de que os resultados referem-se à cidade em geral? Não vou entrar em detalhes das técnicas estatísticas que podem ser usadas, mas não precisa ser especialista para perceber que uma pesquisa feita em 7 ruas não parece ser muito representativa das 50.000 que compõem o total. O mesmo tipo de raciocínio se aplica à quantidade de pessoas que responderam às perguntas, a forma como elas estavas escritas, a ordem das perguntas, etc. etc.

O mais interessante disso tudo foi o artigo da prefeita Luzianne logo em seguida o lançamento da matéria. Ela aproveitou a onda, mas foi bem mais inteligente do que poderíamos esperar. Compreensível! Ela já tinha cometido uma gafe horrível que apontei aqui quando vangloriou-se em cima de um estudo errado. Ao ler o título do artigo, cheguei a pensar, que ela iria cometer o mesmo erro de novo. Mas, não. Desta vez ela disse em seu artigo em resumo que a pesquisa feita nas calçadas que a Prefeitura tinha acabado de renovar, indicavam que a decisão tinha sido correta e que o trabalho havia sido bem feito. Disso não discordo e é a única conclusão válida que a pesquisa do Mobilize Brasil pode dar. Agora se a pesquisa não tivesse bias, ela permitiria verificar o quanto em termos percentuais da cidade esse tipo de iniciativa foi feito em 8 anos de gestão. Será que a prefeita teria motivado para se vangloriar e achar efetiva sua política de renovação urbana?

Enfim, o que devemos fazer, nós cidadãos “superinformados",  é estar muito atentos com o que nos é apresentado hoje em dia. Vivemos  na época do excesso de informação que flui a velocidade descomunal e trafega com intensidade global. Isso torna cada vez mais exigente nossa postura ao consumi-la. Por outro lado, aos meios de comunicação, espera-se ainda mais rigor nesse processo de curadoria. Será um fator decisivo para a sobrevivência dos mesmos. Afinal de contas repassar informação sem digeri-la está a um RT de todos nós.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Cidades Inteligentes

Estive hoje durante todo o dia palestrando e participando de debates sobre o tema cidades inteligentes no Simpósio Brasileiro de Sistemas de Informação (SBSI) que ocorre na USP em São Paulo. Um dia cansativo, mas muito gratificante em virtude das ínumeras discussões frutíferas e da quantidade de interações também ricas. Minha apresentação está abaixo. Sintam-se livres para interrogar-me caso tenham interesse em conhecer mais sobre o que defendo.


terça-feira, 15 de maio de 2012

Ainda sobre ladainhas e trânsito em Fortaleza


Fábio Campos escreveu recentemente neste quotidiano o artigo “Para fugir da ladainha” em que discorda dos que esbravejam contra a indústria da multa e vivem pedindo mais educação no trânsito a AMC (o que ele chama de ladainha). Acredita ele que a epidemia de infrações de trânsito em Fortaleza requer ação repressiva e que educação no trânsito já foi dada quando se tira a carteira de motorista.

Minha visão é que os que defendem ambas as ladainhas perdem o foco do problema.  Primeiro, não compreendem que, como toda questão comportamental na sociedade, causas e efeitos de problemas e ações não podem ser compreendidos isoladamente. Há uma interação entre  os fatores condicionantes que podem tanto potencializar as soluções como aumentar os problemas.  No tocante ao caos do trânsito, é impossível dissociar as omissões e erros do poder público, que inclusive lhe diminuem a credibilidade nas ações preventivas e repressoras, do mau comportamento dos motoristas e pedestres (não esquecer que os pedestres cearenses não usam a faixa de segurança, por exemplo).

O segundo equívoco refere-se ao conceito de educação comportamental, social ou cívica (como queiram). Enganam-se que é algo a ser ensinado em sala de aula e muito menos nos bancos do Detran quando se faz exame para retirar uma habilitação.  Não se refere aqui em “aprender” o que é certo, mas sim de quanto se está disposto a fazê-lo. O cada um por si e a lei do mais esperto não têm sustentabilidade, mas as pessoas precisam perceber e sentir que seguir as regras é a melhor forma de todos “se darem bem”.

Quem tem o dever de quebrar esse ciclo vicioso no qual estamos inseridos hoje é o poder público. Deve agir nos fatores que potencializam a desobediência, começando por aqueles que lhes são obrigação como sinalização, engenharia de trânsito, pavimentação das ruas, etc. Depois deve agir na educação (não de sala de aula) com programas de divulgação, exemplos, jogos e concursos de forma a gerar motivação e controle sociais sobre o tema. Tudo isso com  intuito de que a sociedade em geral comece a fazer a parte que lhe compete.  Aí sim, a fiscalização deve agir. Com a credibilidade e  a autoridade fortalecida o governo penalizaria a minoria(difícil acusar de indústria da multa quando se penaliza uma minoria) que não conseguiu aprender a lição. 

* artigo publicado hoje na coluna Opinião do Jornal O Povo

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Violência no Ceará

Creio que a afirmação de que uma figura vale por mil palavras é válida em situações como a do gráfico que coloco abaixo. Trata-se das curvas de evolução da violência, de 1980 a 2010, no Ceará, região metropolitana e capital. Pode-se ver ainda a comparação com a taxa nacional.

Considero esse gráfico histórico. Ele foi extraído do estudo feito pelo Instituto Sangari chamado "O Mapa da Violência Homicida no Brasil". É a primeira vez na história que a taxa de homicídios por cem mil habitantes do Estado supera a taxa nacional. Triste, mas verdade. Obriga-nos a repensar as políticas públicas atuais e recentes. Um fracasso absoluto.


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Fuja da Avis de Recife


Não sou cliente habitual da Avis, mas já aluguei carros dessa locadora algumas vezes fora do País. Minha primeira experiência no Brasil foi semana passada em Recife quando aluguei um carro econômico para usar durante o fim de semana de primeiro de maio.

A experiência foi frustrante. Tinha reservado o carro antecipadamente pela Internet, o que parece não ter feito muita diferença. Esperei mais de uma hora e meia para receber o carro. Voltei ao guichet para reclamar duas vezes. A atendente disse que não podia fazer nada e que eu devia reclamar mesmo para ver se “eles”(que eu nem sei quem são) colocavam mais gente. Decidi ligar para um 0800 que tinha na ficha que me foi entregue. Nada feito. Lá disseram que eu devia resolver na loja. O sentimento de impotência foi aumentando. Não havia o que fazer. Podia cancelar o pedido, mas não haviam outras opções sem que uma reserva tivesse sido feita.

Quando o carro enfim chegou estava em más condições. Era um carro tão arranhado e até batido que a ficha onde o rapaz os marcou ficou preenchida. Perguntei-lhe como ele iria poder verificar se eu iria produzir mais danos. Disse-lhe que não aceitaria ser responsabilizado. Ele só me escutou. Acho que já deve estar acostumado com a situação. O tanque de combustível que deveria estar cheio, conforme o contrato, não estava. Estava preenchido a um pouco mais da metade. Embora o atendente tenha aceito registrar o fato, é algo que nunca vi. Aliás, tenho percebido essa grande diferença que é alugar um carro nos EUA e Europa de alugar aqui. Os carros são muito mais velhos e sem conservação. Não me parece privilégio da Avis.

Ficou claro que o atendimento em Recife é bem aquém do padrão mundial da Avis. Provavelmente deve terceirizar seus serviços. De qualquer forma surpreende-me como uma multinacional deixa seu nome sujo em um serviço sem o mínimo controle de qualidade. 

sábado, 5 de maio de 2012

O SUS que se tornou a UNIMED



Essa última semana foi repleta de idas a hospitais e laboratórios de exames clínicos devidos a uma virose que acometeu minha filha e que depois se mostrou ser uma perigosa Dengue. Felizmente esse tipo de jornada não me é rotineiro nem frequente. Talvez por isso eu me tenha assustado tanto com a péssima qualidade do atendimento que a UNIMED está prestando a seus conveniados. Refiro-me aqui a UNIMED, mas não creio que seja muito diferente para outros planos.

Estamos acostumados a ver pela mídia o caos que se tornou o sistema público de saúde. Filas extensas, falta de médicos, esperas intermináveis, pessoas sendo atendidas nos corredores. Encontrei tudo isso no hospital pediátrico da UNIMED aqui em Fortaleza. É de dar pena. Doentes já são pessoas sensíveis, crianças então!

A ideia da UNIMED de fazer um hospital de atendimento infanto-juvenil até pode ter tido boa intenção. Não vou nem entrar no mérito se a motivação disso é econômica. O que me parece claro é que a demanda concentrada é muito maior do que o hospital pode atender. A consequência é catastrófica. O cliente conveniado paga por um serviço que não recebe.

Já vinha percebendo o estrangulamento do sistema de plano de saúde, quando necessitava de uma consulta médica. Isso tem ficado mais frequente, pois a impossibilidade de comprar remédios sem prescrição médica (o que em essência é uma medida mais do que correta) aumentou a demanda por consultas médicas, em especial por generalistas. As consultas em consultório são impossíveis de serem obtidas em prazo curto. Normalmente, há um prazo de espera de um mês. O jeito é ir a um hospital e ser atendido por um plantonista, normalmente inexperiente, que lhe atende em cinco minutos.

Efetivamente, o que se consegue com isso é prescrição para o básico do básico. A taxa de erro nas prescrições sobe.  O sistema frágil e caótico proíbe que o médico acompanhe o paciente por muito tempo e os erros de diagnóstico vão realimentando o sistema. Consequência? Mais filas, mais pacientes em estado urgente, mais dinheiro gasto. Nada novo em se tratando de SUS. Temos agora a mesma realidade nos planos de saúde particular.

Um olhar otimista(ou talvez, sarcástico) sobre a situação poderia nos fazer pensar que agora sim, temos um sistema de saúde democrático: todos são atendidos da mesma forma, muito mal. Haja otimismo!  

quarta-feira, 2 de maio de 2012

As Belas Calçadas de Fortaleza


A matéria do jornal O Povo sobre uma pesquisa feita pelo Mobilize Brasil em que as calçadas de Fortaleza são consideradas pelos entrevistados como as melhores do Brasil vem a calhar, no momento em que começaremos a falar de eleições e consequentemente de pesquisas e de como as mesmas são apropriadas pela mídia.

A pesquisa foi feita por uma OSCIP(Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), fundada em 2003, e que atua nas áreas de educação, cultura e cidadania, chamada Associação Abaporu, organização sem fins lucrativos que lançou o projeto Mobilize Brasil. Não pude conseguir maiores detalhes sobre a OSCIP.

Surpreendente me foi a forma como o jornal O Povo lançou a material sem contestar sua validade da mesma ou nem mesmo perguntar sobre os detalhes metodológicos que pudessem apoiar uma análise um pouco mais elaborada de quem tivesse interesse de saber como os resultados foram obtidos.

Concluir que Fortaleza tem as melhores calçadas do País é um contrassenso tão forte que logo a notícia virou piada nas redes sociais. Achei que a estóia ia parar por aí mesmo, mas quando li o artigo da prefeita Luizianne Lins se vangloriando das calçadas da cidade e usando a pesquisa em questão, decidi participar da conversa. Para começar escrevi ao portal Mobilize Brasil para pedir maiores informações. Enviei a seguinte mensagem:

“Bom dia,
Queria parabeniza-los pela iniciativa de olhar as calçadas brasileiras, mas temo que a estratégia que vocês adotaram acabe piorando o que já está. A pesquisa que fizeram em algumas calçadas em algumas cidades e que são certamente não podem ser consideradas representativas da condição de todas as calçadas de uma cidade, deixa-nos(cidadãos preocupados com a questão) a mercê de "interpretações" (para não dizer manipulações) dos governos. Estarei escrevendo um artigo no jornal sobre a questão e queria que vocês me dessem mais detalhes sobre a metodologia usada para a escolha das ruas e quantidade das mesmas. Quem deu as notas? Os entrevistadores eram os mesmos? Qual a margem de erro em função de interpretações ou erros de coleta?  Qual a validade de se comparar as cidades? Podemos dizer, como disse a prefeita no jornal e que causou enorme espanto e virou piada dos fortalezenses, que Fortaleza tem as melhores cidades do Brasil?”.

Após uma resposta, me posicionarei. Me parece claro que as pesquisas devem ser compreendidas em sua amplitude e detalhe para podermos dizer que elas realmente expressam. Acho que os meios de comunicação também devem começar a fazer esse exercício.