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terça-feira, 20 de março de 2012

Janelas e Calçadas Quebradas

Abaixo reproduzo artigo meu publicado no O Povo de hoje, coluna Opinião, que dedico a meu pai, um frequentador assíduo do centro da cidade de Fortaleza e que sofre há anos com as calçadas de lá.


Semana passada, o cientista político James Wilson, 80, autor juntamente com George Kelling de artigo em 1982 que lançou a teoria das janelas quebradas, faleceu. Impossível lembrar de Wilson e Kelling sem lembrar dos problemas urbanos verificados em Fortaleza. Em particular da questão da ocupação irregular das calçadas, fato evidenciado pelo mapa construído pelos internautas aqui no O Povo.
 Wilson e Kelling sugeriram que a ordem pública é frágil e se não se conserta a primeira janela quebrada, logo as outras também estarão quebradas. Para eles, em termos comunitários, desordem e crime são coisas que se desenvolvem como consequência um do outro. Eles enfatizaram que as janelas não são quebradas porque os cidadãos que vivem na comunidade são inerentemente, digamos quebradores-de-janela. Isso ocorre porque cria-se o sentimento de que é coisa de ninguém. Como não há quem se importe, não há custo em quebra-las (na verdade é até divertido, os jovens que o digam!). Ou seja, o negócio é não deixar o efeito dominó acontecer.
 Uma das declarações mais emblemáticas feitas por Wilson diz que “A Segurança Pública tem que proteger a comunidade tanto quanto os indivíduos. Nossos trabalhos de vitimização e estatística medem somente as perdas individuais, mas não medem as perdas coletivas.” Da mesma forma que médicos devem tratar da saúde como um todo do que simplesmente da doença específica, todos nós devemos reconhecer a importância de manter intactos comunidades sem janelas quebradas.
 Todos os casos de sucesso de políticas públicas nos EUA e mesmo fora dele, desde então, levam em contas as premissas dessa teoria. Será que conseguiríamos aplica-las aqui em Fortaleza? Para começar, seria possível ter alguma ordem nas calçadas do centro da cidade que forma que os cidadãos nelas pudessem andar? A Segurança Pública agradeceria com certeza.

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