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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Fofocas e a Política Personalista

A pobreza da política cearense ganhou um grande aliado: os meios de comunicação. Lendo os jornais e as redes de TV locais, vejo como os mesmos caíram integramente na armadilha de ficar insistentemente focando na posição das “personalidades políticas” e desfocando o conteúdo do que pode (e deve) emanar das mesmas. O nome para isso não é outro senão fofoca.

É verdade que nossa política é e sempre foi muito personalista. Não me parece ser algo específico do Ceará. Mas atualmente, isso está cansativo demais. A aliança Luizianne, Cid, Pimentel, Eunício, gregos e troianos gera notícia de péssima qualidade e extremamente fútil. O tititi já chegou a ser primeira página de jornal. Um mar de especulações sobre quem apoia quem, quem vai apoiar quem, quem falou de quem, arghhh. E as ideias? Alguém tem alguma?

Não satisfeitos com essa fofocada geral, correm para escutar Tasso Jereissati em um ambiente onde ele falaria sobre empreendedorismo e liderança empresarial. Perguntam-no de qualquer forma sobre o que acha do tititi requentado diariamente. Deve ter sido muito triste escutar a resposta do ex-senador: “isso é problema deles”. Não xingou ninguém? Não tem graça.  

Seria bom fugir dessa armadilha. Estamos em ano de eleição e não há absolutamente nenhuma discussão sobre a cidade. Estou querendo demais?

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Cidades Inteligentes

Um exemplo interessante de uso de sensores para otimizar recursos públicos em cidades é este entre a empresa Trimble especializada no desenvolvimento de aplicações de localização via GPS e a Irlandesa Smartbin especializada em desenvolvimento de software e hardware de sensores eletrônicos.

Elas uniram suas expertises e fizeram um sistema completo de apoio logístico que usa sensores dentro dos containers de lixo e entulhos para saber o nível dos mesmos e assim otimizar a rota dos caminhões de coleta. Além dos sensores, os containers também contem GPS o que permite saber onde eles estão e assim calcular rotas até o seu destino. Um módulo que roda no celular e no computador da frota de caminhão permite, por exemplo, computar as rotas dinamicamente durante o dia de coleta.

Esse sistema é o que vem sendo exaustivamente chamado de cidades inteligentes. A nova cidade de Songdo na Coréia é talvez o projeto mais arrojado de uma cidade inteligente criada do zero. Seu funcionamento é previsto para 2015. Deve ter sensores distribuídos por toda a infraestrutura de  transporte, iluminação e coleta de lixo. Além disso, ela é toda projetada dentro dos princípios de sustentabilidade e assim emitir um terço de gases de uma típica metrópole de mesmo tamanho (previsão é de 300 mil pessoas).

Todo o projeto de Songdo foi adotado e em grande parte patrocinado pela Cisco. A empresa californiana acredita que a cidade será capaz de definir padrões e odelos a serem adotados em outras cidades. A aposta é arrojada e repetida pelas grandes da área de TIC no mundo. A IBM, por exemplo, vem desenvolvendo seu projeto, ainda mais ambicioso, de planeta inteligente já há algum tempo. Veja aqui alguns exemplos de projetos implementados pela Big Blue nesta direção.  A IBM não esperou a tecnologia de sensores estar amadurecida para lançar seus projeto. Ela acredita que os governos, atualmente, já têm muitos dados à disposição, não conseguem é explora-los.

Isso eu concordo perfeitamente. Só acho que a melhor forma de uma cidade virar inteligente é abrindo esses dados e não contratando uma plataforma privada para explora-los. A razão de meu argumento é muito simples. Não creio que uma cidade inteligente se resuma à questão tecnológica, mas de pessoas competentes para explorar os dados. Por essa ótica, internalizar tecnologia em governos para explorar dados pode se tornar somente custo.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ensino de Religião nas Escolas Públicas

Vou voltar ao tema da mistura religião e Estado motivado pelo artigo da professora Sandra Helena no O Povo de ontem. Vou reproduzir um texto que havia escrito sobre um debate que ocorreu no jornal O Povo tempos atrás. No debate, o Jornal O Povo escutou a opinião de algumas pessoas sobre o que elas achavam da proposta que está para ser votada no Congresso de tornar facultativo o ensino religioso nas escolas públicas. Para minha surpresa, a opinião da maioria dos entrevistados foi de que se tratava de uma boa idéia. Em uma sociedade onde a maioria professa uma fé religiosa, isso não era para causar nenhum espanto. Meu espanto se deveu pelo fato  de que dois dos entrevistados eram deputados estaduais e educadores, um outro era o presidente do Conselho de Educação do Estado do Ceará e uma outra educadora. Deles, eu esperava uma postura diferente. Afinal de contas somos um Estado laico (ou não?). Minha surpresa maior foram as respostas dadas pelos ilustres Deputados Artur Bruno e Teodoro Soares de que disciplinas religiosas eram importantes para moldar a ética dos alunos. Vejam um trecho da resposta de Soares:

Sou favorável à inclusão do ensino religioso nas escolas por acreditar na relevância da religião para a formação ética dos adolescentes, funcionando como um resgate de valores morais tão enfraquecidos nos dias de hoje

Considero que isso é totalmente contrário à lógica de uma escola laica e democrática. Nada contra a religião.  Reconheço que a religião (para os que crêem) pode ter um papel importante na formação de jovens em seus valores e  disseminação de uma ética. Mas os estabelecimentos religiosos (escolas, igrejas, seminários, etc.) estão aí para preencher esse vácuo (para os que acham que ele existe). É obrigação da escola sim, formar os alunos nos valores éticos, mas não através da religião. Sem mencionar que há várias questões adicionais a serem respondidas: qual a ética que vai ser ensinada na escola? De qual religião? Quem vai decidir isso? Os diretores? Os pais? Os professores? Já imaginou uma cidade com um prefeito tipo Bispo Macedo? As escolas da prefeitura vão ensinar religião desde cedinho, né? Não dá para esperar muito de nossos congressistas, mas sinceramente, torço para que tenham um pouco mais de discernimento do que os educadores entrevistados e sejam contra essa medida. 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Mais Lenha na Fogueira Acesa por Rita Lee

Plinio Bortolotti e Fábio Campos travaram um debate muito interessante sobre o episódio que aconteceu no show da cantora Rita Lee em Aracaju mês passado. Plínio defendeu haver um erro de prioridade da Polícia de Sergipe quando decide fazer revistas nas pessoas que estavam ao pé do palco da cantora ao invés de combater crimes mais importantes. Fábio Campos em artigo anterior já havia se posicionado contra os argumentos de Plínio (e o fez depois aqui) argumentando que “Quando uns e outros passam a entender que cumprir ou não a lei depende do ponto de vista, é sinal de que há algo de 
muito errado em nossa sociedade”. Ele considera que a relativização das leis atenta contra a democracia e não cabe à polícia decidir quem deve ou não se submeter ao rigor da lei.

Os argumentos de Fábio, de que a lei é para todos e que ninguém está acima da mesma digo que são, literalmente, politicamente (e legalmente) corretos. Em essência não há como discordar dos mesmos, não? Como não creio que as coisas sejam assim tão preto no branco, acho que vale a pena sim fazer algumas considerações. Faço-as sem a menor pretensão de estar legalmente fundamentado, até porque nem é essa a minha formação, mas creio que devamos descortinar outras facetas que estão além dos argumentos de priorização levantados por Plínio.

Para fundamentar meu argumento, deixem-me exemplificar uma prática comum da polícia americana. Lá, as blitz com revistas aos cidadãos, só ocorrem se há alguma evidência, a menor que seja, de que uma pessoa possa oferecer perigo a outros (ou a si mesmo). Por exemplo, um motorista que troca de vias em velocidade ou dirige em zig-zag será certamente parado e revistado. Claro que a decisão para saber se algo “oferece perigo” e do quão pernicioso é esse perigo é subjetiva e vai mesmo além de uma ameaça física como a de provocar um acidente. Mas o fato relevante é de que os cidadãos não aceitam ser e por isso mesmo não são indiscriminadamente objetos de batidas com revistas.

Morei quatro anos na França e 1 ano e dois meses nos EUA.  Nunca fui parado por uma blitz em nenhum dos lugares. Aliás, nunca vi uma blitz tipo as que fazemos aqui. O princípio por trás desta postura é de que a polícia, em suas atividades ostensivas e repressoras, deve obrigar-se sempre a considerar as fronteiras que lhes são impostas pelo necessário zelo que devem ter às liberdades individuais dos cidadãos. Exceção a esta regra, que passou a ocorrer depois de 2001, são as extensas revistas nos aeroportos as quais todos que viajam devem se submeter.

O episódio ocorrido em Sergipe, mais do que uma questão de priorização, deve remeter-nos à questão de deveres do poder constituído, mas igualmente dos seus limites perante os direitos individuais. Não conheço os detalhes da operação, creio mesmo que poucos de nós que estamos a escrever sobre a questão conheçamos. Mas de uma forma geral, fazer revista em cidadãos que assistem ordeiramente um show em um espaço público, quer seja sob a suspeição de uso de droga ou não, me parece claramente uma agressão, no mínimo, um atentado contra a privacidade. Mas o espaço não é público? Sim, mas a individualidade do cidadão deve estar acima de tudo esteja ele onde estiver.

Se temos ou não como esperar que nossa polícia atualmente saiba se portar dentro desses princípios em qualquer ambiente de qualquer classe social é outra história. Mas para remar nessa direção, precisamos primeiro nos por de acordo que isso é importante e é o que queremos.  

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

É chegada a hora

Aaai, aaai, ai, ai, tá chegando a hora!

Vivemos de crise em crise na Segurança Pública. Parece que nos acostumamos com elas. Crises que matam inocentes, vitimizam permanentemente minorias, escravizam cidadãos de bem e dizimam jovens. Mesmo assim não somos capazes de prover mudanças consistentes para a área. Está sendo necessário que os próprios responsáveis por resolver esses e todos os outros problemas de  segurança e que vivem na cruel realidade gritem em alto e bom tom: NÃO DÁ MAIS. As greves e as ações irresponsáveis, marginais e descontroladas dos policiais não podem ser vistas simplesmente como luta por salario. É algo maior.

Durante a greve aqui no Ceará, escrevi sobre o quanto os governadores estão reféns das forças de segurança, em especial da PM, e do quanto as reformas da polícia requerem atuação do governo federal. Não deveria nos surpreender as crises atuais que eclodem justamente na época em que nosso País festeja a alegria.

Talvez a última reforma a ser feita pós-ditadura seja a de nossas forças de segurança. Hoje em dia elas estão disformes, acéfalas e perdidas. Não as queremos mais militares, da forma como sempre foram, mas não determinamos como devem sê-las. As diretrizes mínimas de respeito aos direitos humanos são compartilhadas pela maioria, mas são minimalistas e soam ingênuas quando vistas isoladamente. Há muito mais a ser feito.

O que caracteriza uma verdadeira reforma nas policias? Qual o modelo de gestão deve ser implantado? Como substituiremos os dogmas militares de disciplina absoluta e amor a pátria, quase cego, por algo que seja tão forte e que permita atuações corajosas, disciplinadas e respeitosas em situações de confronto que infelizmente não são exceções na nossa sociedade tão violenta?  Como avaliar a produtividade das forças de segurança? Como monitorar, investigar e punir os desvios? Como requalificar e educar o contingente atual e o novo que entra? Por fim, quanto estamos dispostos a pagar por esta conta e, em particular, aos agentes de segurança?

As greves atuais tem que ser o derradeiro estopim. Crise maior só uma guerra civil. A elite brasileira não pode mais se esconder. O governo federal tem que tomar uma posição. Os governadores têm que se unir e pressionar o Congresso Nacional. Precisamos de um pacto nacional amplo como os que fizemos quando do combate à economia frágil. Já chegou a hora (e passa rápido).

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Os Riscos do Clássico-Rei

Nunca vi tanta baboseira ser dita sobre o clássico-rei. Incrível como a coisa foi tomando uma direção negativa que fica depois difícil de entender o que a ocasionou. Uma coisa é certa, a PM levantou a bola e os presidentes dos times ajudaram a piorar a situação.  

Todo clássico é de risco. No entanto, é também uma oportunidade para se discutir seriamente a questão do radicalismo das torcidas. Antes de continuar, deixem-me esclarecer que sou tricolor de aço fanático (além de vascaíno, nome assim o indica). E sou daqueles que torço contra o Ceará. Claro! A rivalidade faz parte do futebol.  Arrisco dizer que é impregnada em alguns genes. Detesto esses comentários politicamente corretos de que isso é negativo e coisa e tal. Agora, eu nunca vou deixar essa rivalidade me levar a praticar um ato de violência contra uma pessoa só porque ela torce Ceará. Faço piadas quando o Ceará perde. Como todo cearense, zoo e sou zoado. Essa é a beleza do negócio.

Essa tentativa de resolver os problemas dos emburrecidos que querem se matar não os deixando ficar perto um do outro me parece errada. Essas reações radicais, que são as mesmas dos que não conseguem conviver com quem tem escolha sexual diferente, tem cor diferente, tem religião diferente, etc., não pode ser combatida desta forma.  Esse povo tem mais é que se misturar mesmo. Perceber que somos todos de sangue e suor (às 4 horas da tarde o PV é quente!) igual. As autoridades que se virem! Se são somente alguns doentes que provocam toda essa celeuma, que sejam identificados e isolados. Os outros, a grande maioria, tem o direito de torcer, xingar, zoar, chorar e vibrar. Afinal, na segunda-feita, vão ter que trabalhar. 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

WikiCrimes OpenGov no Celular

Para os que solicitaram, vejam a reportagem da TV jangadeiro sobre WikiCrimes OpenGov. Criamos aplicações para iPhone e Android para consultar as áreas mais perigosas da cidade de São Paulo. Vejam no vídeo abaixo.



*PS. Pergunta que não quer calar: Porque São Paulo e não Fortaleza? porque os dados de São Paulo estão disponíveis.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Novas Formas de Interação Gestual

Vejam que vídeo interessante sobre novas formas de interação que combinam realidade aumentada, holografia e GPS. A interação gestual decididamente vai ganhar cada vez mais espaço. Depois de Kinect da Microsoft, o conceito se popularizou.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Transparência e Dados Abertos na TVT

Estarei hoje em um debate que pode ser acompanhado on line pela TVT  onde debaterei sobre transparência e dados abertos no programa Clique e Ligue. Em especial, falarei sobre WikiCrimes e do mais novo lançamento WikiCrimes OpenGov.

Terei a companhia de  Daniela Silva da transparencia hacker (www.thacker.com.br), Claudio Abramo da ONG Transparência Brasil e Gil Castelo Branco da ONG Contas Abertas.

O debate começa as 14:30hs de Fortaleza (15:30hs de Brasília) e a interação com internautas é muito bem vinda. Participem!