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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

As Greves da Polícia Cearense

Impossível não comparar a greve de 1997 com a da semana passada. O Diário do Nordeste fez uma matéria lembrando o que havia ocorrido naquela época que pode ser vista aqui.
Evidentemente que a comparação deve levar em conta o contexto da época, que é totalmente diferente do atual, mas cabe-nos perguntar se aprendemos algo de lá para cá.

Eu tinha acabado de chegar da França e começava minha trajetória, que seria de quase dez anos, na SSPDC (chamava-se Secretaria de Segurança Pública e Defesa da Cidadania). Lembro-me bem como o Gen. Freire, secretário também recém-chegado, estava apreensivo. E lembro-me mais ainda como o Governador Tasso Jereissati assumiu toda a responsabilidade pelas decisões difíceis tomadas. Creio que uma diferença marcante entre as duas greves foi a postura de Tasso e de Cid.

Tasso não deixou o movimento grevista ganhar corpo. Agiu com rapidez e vigorosamente. Articulou com o Presidente Fernando Henrique Cardoso a vinda do Exército, reuniu o GATE e  responsabilizou-se por uma de suas decisões mais difíceis: partiu para o confronto com os grevistas. Arriscou demais. Teve muita sorte. Embora tenham havido feridos, algo muito pior poderia ter acontecido. De qualquer forma, no final das contas, parou o movimento e saiu fortalecido. Teve assim  mais respaldo para implantar uma nova política de Segurança centrada na integração das polícias, na modernização da gestão e na criação dos conselhos comunitários de defesa social (que fim levou essa política já foi objeto de muitos de meus textos aqui no blog).

Quinze anos depois, Cid viu-se em situação similar. Sinal de que as coisas não parecem ter melhorado muito durante todo esse tempo. Mas Cid não teve a mesma sensibilidade ou digamos, habilidade. Subestimou o movimento que ganhou proporções nunca vistas, ouso dizer, no Brasil. Adotou uma estratégia que até agora não tem uma explicação muito lógica: a estratégia do silêncio. Não pode-se dizer que foi medo como alguns querem imputar, mas não há dúvida que a omissão do Governo foi um combustível importante para que a engrenagem paredista funcionasse.

Serei acusado de pessimista se perguntar se assistiremos a episódios como esses em futuro próximo ou longíquo? 

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