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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Futebol e dinheiro público

Final de ano, momento de retrospectivas e de balanços de resultados. Como sou um fã incondicional de futebol, fito o tema, mas sem a pretensão de analisar táticas ou técnicas. Creio mais relevante pontuar o quanto considero inadequado o financiamento público dos times de futebol da forma como vem sendo feito pelos governos estadual e municipais.

Os governos vêm patrocinando diretamente os times profissionais em troca de um espaço de “propaganda” na camisa dos times. Típico caso de merchandising de uma imagem. Completamente inapropriado em se tratando de verba pública. Trata-se de uma deturpação do conceito de publicidade das ações públicas onde deve-se visar o provimento de informações ao cidadão sobre as ações realizadas pelos governos.

Infelizmente esse tipo de patrocínio vem se difundindo. O jornal O Povo apurou que  em 2011 algumas prefeituras investiram mais de 1 milhão de reais em times profissionais que disputam o campeonato cearense de futebol. Há um grande rol de razões para que isso não seja aceito pela sociedade. Desde o inexistente impacto social ao fato de que acaba servindo mesmo é para auxiliar a promoção individual de dirigentes dos times (normalmente com ambições políticas).  Além do mais, o péssimo ano do futebol cearense serve para mostrar que não é isso que vai nos fazer ter times melhores.

Não estou a dizer que não é papel dos governos apoiar o desporto profissional, mas há várias outras formas. Deve-se, por exemplo, fornecer uma infraestrutura correta e digna que dê acesso aos torcedores. O futebol como instrumento educativo também merece todo o apoio. Parcerias entre as escolinhas de futebol dos clubes e as escolas públicas seria uma iniciativa muito valiosa e de interesse público. Este tipo de iniciativa pode trazer vantagens mútuas, tanto para a sociedade com a inserção de jovens e adolescentes, quanto para os próprios times profissionais que precisam desesperadamente de craques formados nas categorias de base. 2012 bem que poderia ser diferente.

* artigo publicado na coluna Opinião do Jornal O Povo hoje

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