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terça-feira, 31 de maio de 2011

ReCaptcha: O Poder da Colaboração Embora Inconsciente

Captcha é um exemplo desse vocabulário estranho que o computês está a inundar nosso quotidiano. Trata-se do procedimento de responder o que se encontra dentro de uma caixinha onde aparece um texto tortuoso, muitas vezes difícil de ser lido. A grande maioria das pessoas já deve ter usado um captcha, mas nem sabe muito bem porque ou para que.

Captcha é um acrônimo da expressão "Completely Automated Public Turing test to tell Computers and Humans Apart" (teste de Turing público completamente automatizado para diferenciação entre computadores e humanos). Para os que não são da área de computação, vale uma pequena introdução do que vem a ser um teste de Turing.

O Britânico Alan Turing foi um dos maiores cientistas de nossa época e é por muitos considerado o pai da informática. A base da computação atual é fortemente influenciada por seu trabalho, em especial, no desenvolvimento e formalização da noção de algoritmos. Em Inteligência Artificial, costuma-se mencionar o Teste de Turing como uma referência para saber se as máquinas são inteligentes. A ideia do teste é avaliar, sob interrogatório, se é possível distinguir quem é quem entre uma máquina e uma pessoa. Ou seja, coloca-se uma máquina e um humano para responder perguntas. Se ao final de um certo tempo, o interrogador não conseguir distinguir quem é o humano entre ambos, então pode-se dizer que a máquina é inteligente. Não existe ainda essa tal máquina (existirá um dia ?!).

No caso do captcha o objetivo do teste é exatamente saber se trata-se de uma pessoa que está a usar um site, normalmente para fazer login ou preencher um formulário. Isso é importante porque hackers conseguem fazer programas para usar o site e alimentar formulários em grande quantidade o que pode ter efeitos indesejáveis. O captcha é assim uma medida eficaz para proteger o site web de atividades maliciosas.

Mas esse meu texto, com essa extensa introdução, visa na verdade dar um exemplo fantástico de criatividade através da noção de colaboração no uso do  captcha. Trata-se do projeto ReCaptcha, um projeto inicialmente desenvolvido na Universidade de Carnegie Mellon nos EUA e depois adquirido pela Google. Ele  comporta a criativa ideia de ser um captcha para proteger sites web, mas en passant visa também fazer a validação de textos lidos a partir de OCR de livros antigos. Aqui novamente vale uma palavra de introdução. OCR (Optical Character Recognition – Reconhecimento de Caracteres Óticos) é a tecnologia usada em scanners para reconhecer a imagem que está sendo “lida”. É necessário o uso de software apropriado para reconhecer a existência de um texto e transformar o que é somente um conjunto de bits de uma imagem em uma letra ou dígito. Esse processo não se faz sem erros e a presença de um ser humano para validar se o reconhecimento foi feito corretamente é sempre necessária.

Pois bem, voltemos ao ReCaptcha e vejamos porque o acho tão criativo. O ReCaptcha ao invés de perguntar para um usuário se ele consegue identificar um determinado texto, apresenta duas palavras. No entanto, somente uma dessas palavras advém da sua própria base de dados e ele sabe exatamente o que significa. A segunda palavra vem de um livro scaneado e que precisa ser validada. ReCaptcha assume que se uma pessoa, ao responder seu teste, acertar a palavra que ele já conhece, deverá acertar a outra também. Essa outra palavra é enviada para mais usuários (normalmente três outros). Se todos disserem que se trata da mesma palavra, então ReCaptcha considera a palavra validada. Desta forma milhares de palavras vindas de textos digitalizados estão tendo seu reconhecimento validado por um processo coletivo e inconsciente. Os usuários estão colaborando para resolver gratuitamente um problema (a validação de textos scaneados), mas nem sabem disso. É ou não criativo? Se tiverem interesse de ler mais sobre o ReCaptcha vejam o artigo descrevendo o projeto aqui.


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Polícia de Proximidade: Soluções e Desafios em Segurança Pública

Acabo de receber a revista Soluções e Desafios em Segurança Pública publicada pelo Fórum Brasileiro de Segurança. Nela há uma reportagem especial sobre casos, em cinco Estados, sobre a aplicaçãoo do conceito de polícia de proximidade.

Em casos de quatro desses Estados, a avaliação feita pela revista, com base em opiniões de especialistas, é muito positiva. No Rio, a experiência da implantação de 13  Unidades de Polícia Pacificadora é vista como um marco na Segurança daquela cidade. Muito embora a redução do índice de homicídios nas áreas pacificadas ainda seja objeto de pesquisa, o otimismo vem pelo fato do Estado conseguir recuperar um território antes perdido.

A experiência da Polícia Comunitária de São Paulo é outro exemplo a ser seguido. Sem muito alarde, essa experiência já existe há cerca de quinze anos. Muitos consideram este um fator importante na excepcional redução do índice de homicídios do Estado que hoje já é a metade da média nacional.

O programa Fica Vivo, implantado em Minas Gerais, que tem por objetivo reduzir o risco de morte violenta na população de jovens entre 12 e 24 anos é outro exemplo positivo mencionado na revista. Os índices de criminalidade também reduziram, muito embora ainda haja regiões com patamares muito altos e que vão merecer atenção especial e talvez correções de rumo nas políticas implantadas.

O Pacto Pela Vida implantado em Pernambuco não só conseguiu estancar o crescimento da violência nesse Estado nordestino, mas já reduziu a taxa de homicídio em cerca de 40%. É verdade que o índice atual é cerca do dobro da média brasileira e que por isso dá muito pouco espaço para festas, mas é um ótimo indício de que algo de bom está ocorrendo.

Sabem qual é o quinto exemplo? O Ronda Quarteirão. Agora o detalhe é que a avaliação não tem nada de positivo. A revista diz que

“o programa Ronda Quarteirão é um dos programas de policiamento comunitário mais criticado pelos especialistas, não só por sua concepção, como pela forma de operar junto à sociedade”.

A conclusão é de que “O fato é que após mais de três anos depois do lançamento do programa, a taxa de homicídios dolosos no Estado não caiu. Pelo contrário aumentou”.  O atual coordenador da academia de polícia do Estado, Prof. César Barreira, ao ser consultado, comentou que “no início o programa trouxe otimismo, mas verificou-se rapidamente que os efetivos não estavam preparados para trabalhar com homicídios, deixando transparecer problemas de treinamento e de capacitação”.   

Esta é a nossa imagem, vista por especialistas na área, de nossa situação. Preocupante, não?

quinta-feira, 26 de maio de 2011

WikiMapps iG – Torcida Virtual

A partir de hoje está no ar nosso mais recente lançamento: Torcida Virtual iG-Wikimapps.  Fizemos um WikiMapps todo customizado para funcionar no portal iG (Internet Group). Trata-se de um projeto com cerca de um ano de maturação. Desde as primeiras discussões, que começaram ano passado, até o lançamento foram várias fases extremamente instrutivas.

A empresa incubada na UNIFOR, Wikinova, teve alguns pequenos clientes, mas esse projeto com o iG é o maior desafio. A experiência com WikiCrimes foi importante para nos indicar, por exemplo, que o domínio esportivo é muito rico de possibilidades para se trabalhar com mapas.

Torcida Virtual visa mapear os torcedores de futebol no País ao mesmo tempo que se apresenta como um espaço para a interação entre torcedores de um mesmo time e mesmo entre amigos que torcem por times diferentes.

A primeira versão lançada não tem todas as características que estão planejadas e que gradativamente, a medida que forem sendo produzidas, serão lançadas. Nossa ideia é incrementar sempre o site. 

O dia de lançamento coincide com o aniversário de um dos maiores colaboradores com o projeto: Seu Furtado. É contador, assessor, consultor, etc. Espero que receba-o como um presente.

Venham fazer parte do Torcida Virtual e ajudem a sua torcida a se sobressair. Vejam abaixo a tela. os primeiros momentos os palmeirenses sairam na frente.


segunda-feira, 23 de maio de 2011

Messi

Essa semana será do futebol neste blog. Vocês logo saberão porque essa minha ênfase. Por enquanto, preparem-se para a grande final com Messi.

Quem Merece Estar na Elite do Futebol Brasileiro?

Essa semana, ao ler a notícia que a equipe de futebol de Americana estreou na série B com um público de 54 torcedores pagantes, vi-me impelido a escrever sobre algo que já vinha pensando há algum tempo.

Primeiro, vale esclarecer para os menos aficionados que o time de Americana é o sucessor do Guaratinguetá. Como este último havia sido penalizado pela CBF, o primeiro jogo do Americana teve que ser fora de casa, em Sorocaba, o que certamente contribuiu para um público tão pequeno.

Agora, não acredito que a torcida de Americana seja assim tão grande e atuante  e que sua média de público será muito diferente da deste primeiro jogo. Esse cenário já é conhecido. São Caetano, Santo André e Duque de Caxias são outros exemplos de equipes que estão sempre entre os melhores times de futebol, série A e B confundidas, mas que não possuem uma torcida representativa.

Não vou nem assumir que a prefeitura dessas cidades, de alguma forma, usa dinheiro publico para apoiar esses times. Acho isso um absurdo como já deixei claro neste blog aqui. O prefeito de Americana, quando do lançamento do time da cidade disse que prefeitura “não iria ajudar com recursos financeiros, mas no que for preciso para buscar isso, seja com empresas na cidade”. Não sei o quanto isso se verifica atualmente, mas o fato é que é impossível deixar de pensar em times como Paysandu, Santa Cruz, Fortaleza, ABC e tantos outros que levam centenas de milhares de torcedores aos estádios.

Vem-me a cabeça naturalmente a pergunta: este modelo de escolha dos times que ficarão entre os melhores do Brasil está correto? Uma pergunta que pode não ser lá muito politicamente correta. Afinal, qual critério pode ser mais justo do que a vitória em campo? Se os times de grande torcida não conseguem vencer os de pouca, paciência. Que prevaleça o melhor em campo. Simples, não?

Não acho que seja assim tão simples. Não podemos ser inocentes e não constatar que essa configuração de equipes que participam da elite do futebol brasileiro reproduz a disparidade econômica existente no País. As regiões mais ricas do País tendem a possuir mais representantes. Isso é bom? Será que o tamanho da torcida e a representação nacional não mereceriam mais importância? Não digo isso com o intuito de promover protecionismo, nem reserva de mercado para um ou outro time, só acho que essas características poderiam ser levadas em conta nem que fosse para repartição de cotas de transmissão.

Não tenho resposta para minha própria indagação. Mas volto a mencionar o modelo da NBA que acho muito interessante. Lá os times que são os mais fracos de uma temporada têm a prioridade de escolher os melhores jogadores universitários. A representativa das equipes no País é fundamental até porque lá, os times disputam campeonatos por região geográfica (leste e oeste, por exemplo). Isso faz com que o campeonato seja sempre muito competitivo e uma equipe que foi a última em um ano pode ser a primeira no outro.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

De Consultores

Já que o texto anterior fazia-nos rir de algumas profissões,vamos terminar a semana com humor. Carlos Eduardo, vulgo "Brasília" no basquete, analista de sistemas e gerente de projeto :-)), não quis deixar os consultores fora da brincadeira. Vejam o que ele me mandou.

Era uma vez um pastor cuidando de suas ovelhas na beira de uma estrada deserta. De repente, vindo em alta velocidade, um carro Porsche estaciona proximo ao pastor e suas ovelhas. O motorista, um jovem vestido com um terno Armani, sapatos Cerutti, óculos de sol Ray-Ban, relógio TAG Heuer e uma gravata Pierre Cardin, sai do carro e diz ao pastor:
"Se eu lhe dizer o numero exato de ovelhas que você tem aí, você me da uma delas?"

O pastor olha para o jovem, então olha para o rebanho de ovelhas pastando e responde:
"Sim"

O jovem vai até seu carro, conecta seu laptop em um modem 3G, entra no site da NASA, executa uma varredura do chão com o seu GPS, abre um banco de dados, filtra informações, logo em seguida abre 60 tabelas do Excel preenchidas com algoritmos e tabelas dinâmicas. Ele, então, imprime um relatório de 150 páginas em sua mini-impressora de alta tecnologia, em seguida olha para o pastor e diz:
 "Você tem exatamente 1.586 ovelhas."

Impressionado o pastor diz:
"Isso é correto, você pode ter a sua ovelha." 
O jovem então pega uma ovelha do rebanho e a coloca na parte traseira de seu Porsche. O pastor olha para ele e pergunta:
"Se eu adivinhar sua profissão, você devolve o meu animal?"

O jovem responde:
"Sim, por que não? "

O pastor diz:
"Você é um consultor"

O jovem então pergunta:
"Como você sabia?"

E o pastor responde:
"Muito simples

Em primeiro lugar, você veio aqui sem ser chamado
Em segundo lugar, você me cobrou uma taxa para dizer-me algo que eu já sabia
Em terceiro lugar, você não entende nada sobre o meu negócio

Agora vc pode devolver o meu cachorro?" 

quinta-feira, 19 de maio de 2011

De Analistas de Sistemas e Gerentes de Projetos

Recebi de Ricardo Rebouças essa historieta anedótica sobre analistas de sistemas e gerentes de projetos. Muitas se verão nela.

Um homem anda por uma estrada próxima a uma cidade, quando percebe, a pouca distância, um balão voando baixo. O balonista lhe acena desesperadamente, consegue fazer o balão baixar o máximo possível e lhe grita:
- Ei você, poderia ajudar-me? Prometi a um amigo que me encontraria com ele às duas da tarde, porém já são duas e meia e nem sei onde estou. Poderia me dizer onde me encontro?

O outro homem, com muita cortesia, respondeu:
- Mas claro que posso ajudá-lo! Você se encontra em um balão de ar quente, flutuando a uns vinte metros acima da estrada. Está a quarenta graus de latitude norte e a cinqüenta e oito graus de longitude oeste.

O balonista escuta com atenção e depois pergunta-lhe com um sorriso:
- Amigo, você trabalha como analista de sistemas?
- Sim, senhor, ao seu dispor! Como conseguiu adivinhar?
- Porque tudo o que você me disse está perfeito e tecnicamente correto, porém esta informação me é totalmente inútil, pois continuo perdido. Será que você não tem uma resposta mais satisfatória?

O analista fica calado por alguns segundos e finalmente pergunta ao balonista:
- E você, não seria por acaso um gerente de projeto?
- Sim, por um acaso sou um gerente de projeto. Por que?
- Ah, foi muito fácil! Veja só: Você não sabe onde está e nem para onde vai. Fez uma promessa da qual não tem a mínima idéia de como irá cumprir e ainda por cima espera que outra pessoa resolva o seu problema. Continua exatamente tão perdido quanto antes de me perguntar. Porém, agora, por um estranho motivo, a culpa passou a ser minha…

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Inovação e Cooperação Universidade-Empresa


Inovação é a palavra da vez no País e não poderia deixar de sê-la no Estado. O crescimento da economia e a consequente busca por competitividade obrigaram-nos a acordar para a necessidade de inovar.

Consequentemente o tema sobre a necessária aproximação da academia com as empresas ressurge. Vivemos, há não muito tempo, um dilema falso de que a geração de riqueza era dissociada do desenvolvimento científico.

Pesquisadores são os parceiros ideais dos empresários na busca de inovação. Eles, por serem obrigados a estarem na fronteira do conhecimento, têm naturalmente a visão do que é novo. Evidente que isso não exclui o feeling que os empresários têm sobre a viabilidade econômica de uma ideia. Ressalta-se ainda que as possibilidades de aplicar os resultados das pesquisas científicas na sociedade e gerar benefícios em larga escala ficam potencializadas com a participação da iniciativa privada.

Muito embora os benefícios da aproximação dos campos sejam facilmente demonstrados, o desconhecimento das agendas de cada um é terreno fértil para o surgimento de visões estereotipadas negativas.

São mundos com lógicas próprias e que possuem objetivos que via de regra correm paralelamente e não convergem obrigatoriamente. A equivocada percepção de que todas as pesquisas científicas devem necessariamente ter aplicações imediatas é um exemplo disso.

As pesquisas teóricas, pejorativamente chamadas de prateleiras, são as que fornecem a base para que as pesquisas aplicadas ocorram e, em via de regra, são as que causam inovações de ruptura.

O desafio de qualquer sociedade contemporânea, e a cearense em particular, é o de fomentar o desenvolvimento científico amplo, sem preconceitos e que promova o aumento significativo da base de pesquisadores atualmente existente. Só assim pode-se criar as condições favoráveis para que pesquisadores e empresários passem a interagir de forma produtiva, sintam-se motivados a cooperar e, assim, obter os resultados alvissareiros que isto pode trazer.

* artigo publicado na coluna Opinião do Jornal O Povo de 17/05/2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

WikiMapps Buracos Maranhenses

Desde a semana passada o wikimapps para mapear os buracos nas vias maranhenses, em particular em São Luis, é um sucesso de participação e visibilidade. A iniciativa partiu de Arnaldo Lindoso, um consultor jurídico de São Luís, que se indignou com o estado das ruas na sua cidade.

Lindoso, um entusiasta de WikiCrimes, passou a interagir comigo e, em menos de dois dias, já havia preparado o WikiMapps e o divulgado para seus conterrâneos. A intensa participação dos cidadãos chamou a atenção do UOL que fez uma matéria falando da iniciativa. Veja a matéria do UOL aqui.

A iniciativa de Lindoso é um exemplo fantástico de como usar WikiMapps. Foi exatamente isso que pensamos quando criamos a ferramenta. Ela deve ser apropriada pelas pessoas, não necessariamente experts em informática, para mobilizar uma comunidade. Esta sendo o que Lindoso vem fazendo com maestria. Tem se comunicado com a imprensa, em redes sociais e divulgado em seu site Thesaurus Juridicos.

Já recebi mensagens de pessoas em Natal que também começam a se mobilizar pela web para protestar contra a má administração das vias nauqela cidade. Espero que usem Wikimapps Buracos para esse fim.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Quem Pode Saber Onde Ocorre Mais Crime em São Paulo?

"A Marginal Pinheiros é a via onde mais ocorrem crimes em São Paulo. É o que revela levantamento feito pela Polícia Militar e obtido com exclusividade (destaque meu) pelo G1”.

Semana passada o portal G1 fez uma matéria que tinha o seguinte título: “Saiba as 40 vias onde mais ocorrem crime em SP”. A referida matéria começa com o texto que reproduzi acima.

Não vou aqui refletir sobre os locais perigosos de São Paulo. Quero retomar a questão da transparência (ou melhor, da falta dela) no trata das informações sobre crimes no Brasil, em particular em São Paulo. Também na semana passada recebi a resposta da Secretaria de Segurança de SP à minha carta (publicada no blog aqui) onde proponho parceria daquela Secretaria com WikiCrimes. A resposta da Secretaria paulista foi muito cordial, mas recusou qualquer tipo de colaboração com WikiCrimes. Dizem estar estudando formas de colocar os dados em um portal da transparência do próprio Estado de SP.

Pois vejam só. Não podem por os dados disponíveis a WikiCrimes, mas podem fazê-lo com o G1?! Porque a Globo tem o direito de acesso a esses dados? Por que essa exclusividade? Incrível como essa situação beira o surrealismo. E a imprensa, eih? Faz parte desse joguinho que cria um mercado de “furos” jornalísticos com informação pública que deveria ser aberta a todos os cidadãos. A troco de que essas informações são repassadas a alguns privilegiados?

Parece que o Governo Paulista não aprendeu nada depois do caso do funcionário acusado de vender informações sigilosas e que havia comentado aqui. Por quanto tempo?

quinta-feira, 12 de maio de 2011

WikiCrimes em São Bernardo

Estive em São Bernardo do Campo em São Paulo na semana passada para para uma entrevista na TVT. A TVT é uma nova rede de televisão ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos com sinal aberto na região do ABC paulista. Estive no agradabilíssimo programa Clique e Ligue capitaneado por Marcelo Godoy. Tivemos um papo super leve e pude explicar com calma as motivações de WikiCrimes, inclusive mostrando como usá-lo. Assistam-na abaixo.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ciberdebates: Jornalismo Móvel

Nessa terça-feira participei do Ciberdebates promovido pelo curso de jornalismo da UNIFOR. Formei a mesa com Marília Cordeiro do O Povo e Rodrigo Coifman do Diário do Nordeste. As questões do jornalismo me são particularmente caras como os leitores deste blog já puderam perceber. O clima participativo da audiência deixou o debate muito mais interessante.

Em minha apresentação concentrei-me em dois aspectos que considero relevantes dento do contexto de jornalismo móvel. O primeiro aspecto refere-se ao dilema participação do leitor vs. credibilidade da informação. A Web 2.0 tem se caracterizado pela intensa participação das pessoas na produção de conteúdo. Esse processo é potencializado pelo massivo uso dos dispositivos móveis, que permitem o registro de fatos inusitados a todo momento. Usar a participação popular como fonte de notícias parece ser natural, mas por outro lado a verificação da credibilidade das informações produzidas é um grande desafio. Exemplifiquei isso com o caso do Diário do Nordeste que tinha mencionado aqui.

Esse dilema tem sido especialmente explorado em WikiCrimes. Estamos pesquisando formas de calcular automaticamente a reputação dos usuários do sistema e assim deduzir quão crível é a informação que ele provê ao sistema. Por outro lado, desenvolvemos algoritmos de mineração de dados para identificar padrões anormais e que podem indicar atividades maliciosas com o objetivo de gerar tendências de crimes em locais específicos.

O segundo aspecto que enfatizei foi o quanto dados abertos potencializam o uso de dispositivos móveis. Exemplifiquei com o uso da realidade aumentada. Pode-se apontar o telefone para uma placa de uma obra e obter imediatamente os dados relativos à mesma como preço, prazo, fornecedor, etc. Isso permitirá inspeções de obras públicas on real time. As transparências que usei estão abaixo.


terça-feira, 10 de maio de 2011

Mr. Bean: Grande Atleta

Sem comentários. Só para rir.

Aproximação Universidade-Empresa na FUNCAP



A FUNCAP (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ceará) promove hoje (10/5) às 8:30 um evento ímpar no sentido de aproximar academia e empresas. Um workshop com pesquisadores e empresários será realizado com um formato também inovador. Cerca de vinte teses de doutorado defendidas no programa RENORBIO (Rede Nordeste de Biotecnologia) serão apresentadas aos empresários.

A ideia é de, além de apresentar os trabalhos acadêmicos, fomentar a associação das empresas com os pesquisadores para que passem a construir produtos competitivos no mercado. A ideia visa ainda atingir investidores que podem identificar oportunidades de novos negócios a partir do conhecimento científico desenvolvido nestes teses. Os resultados científicos dessas teses demonstram importante potencial econômico e, certamente, podem ser aplicados em diversos setores do sistema produtivo. Na reunião estarão presentes empresários, investidores e representantes ligados a indústria alimentícia, metal mecânica, construção civil, têxtil, saúde, química e farmacêutica, entre outras.

A Funcap tem promovido grandes investimentos em inovação e subsidia regularmente o desenvolvimento de projetos empresariais amparados pela Lei de Inovação. Esse workshop pode ser a oportunidade para que mais projetos sejam financiados. 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Apple: A Marca Mais Valiosa do Mundo


A última pesquisa da BrandsZ mostra que a Apple desbancou a Google como a marca mais valiosa do mundo. A maçã está valendo nada mais nada menos do que U$ 153 bilhões. Sem dúvida que a qualidade dos produtos e o poder de inovação da empresa são os responsáveis por este sucesso. Depois da reinvenção da forma como se escuta música com o iPod até a reinvenção da forma como navegar na web com iPad, a Apple não para de crescer.

O que é mais extraordinário, no entanto, é a forma como a Apple tem revolucionado o modelo de negócios dos conteúdos digitais e de seus próprios produtos. Ao invés de correr na busca de redução de preços e barateamento de seus componentes, a Apple está sempre inovando, gerando mais desejo e consequentemente cobrando mais.

Seus produtos não são os mais baratos em nenhum nicho. O micro da Apple é mais caro do que um correspondente concorrente, o ipod igualmente, o ipad também. Enfim, os consumidores pagam mais caro pela marca. O diretor da pesquisa BrandZ disse que a Apple se compara às marcas que vendem produtos de luxo como perfumes, artigos de couro, etc. Nesse contexto quanto maior o preço, maior o desejo do consumidor em ter o bem. Esse ciclo vai se retroalimentando e a Apple vai vendendo.

Entre as 10 primeiras marcas, seis são de informática e telecomunicação. A Google é a segunda, IBM a terceira e Microsoft a quinta. Digno de menção é a posição da China mobile que já está em nono. Facebook só está em 35 e perde para Baidu a empresa do concorrente da Google na China que está em 29.

MacDonalds é a primeira que não é da área e aparece em quarto lugar. Consegue se reinventar porque os chineses descobriram o fastfood. MacDonalds adaptou seu cardápio e vende como chuchu. Vejam o estudo complete aqui.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Saudade: "Papai sabe tudo"

O esporte cearense de uma forma geral, o basquete em particular, está de luto. Ontem faleceu Bebeto Moreira, um desportista de mão cheia. Foi atleta, quando goleiro de futebol do Gentilândia, viveu intimamente o basquete, em particular acompanhando a carreira dos filhos e foi comentarista de futebol quando foi apelidado de "Papai sabe tudo".

Tive o privilégio de conviver com ele. Quando comecei a jogar basquete no Náutico, Bebeto era diretor. Me acolheu sempre com carinho e respeito, muito até por ser contemporâneo de meu pai. Seus filhos são meus amigos desde essas datas da década de 70.

Bebeto se foi, mas deixa-nos seu exemplo de coragem, vibração e honestidade. Que o tempo cicatrize a tristesa que hoje a família e amigos sentem.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Sigilo de Dados Criminais: Fatos e Versões


Recentemente, mencionei a, na minha opinião, tímida atitude do Governo do Estado de São Paulo em colocar na Internet as estatísticas de crimes por distrito policial. Disse que era um avanço, mas que muito mais é necessário. Há cerca de três anos venho denunciando a cultura que parece nos impede de compreender que as informações públicas devem todas estar à disposição dos cidadãos.

Fiquei surpreso, ao descobrir, ainda na semana passada, notícias sobre denúncias de que especialistas  contratados pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo foram acusados de vender informações, ditas sigilosas, sobre a estatística de crimes. Vejam matéria aqui.


Não vou entrar no mérito específico da questão, até porque não tenho informações precisas do que realmente ocorreu. Agora, surpreendeu-me sobremaneira o fato de que todas as matérias sobre o tema alardearem a existência de informações sigilosas que não poderiam ser divulgadas. Mas que informações são essa? Em busca de compreender mais o problema, vi que se tratavam somente de estatísticas de crime por local. Isso é um absurdo total. Dados de ocorrências criminais com o tipo de roubo, local, hora e data são públicos.  Não têm nada de sigiloso. Não aceitar isso é incentivar um jogo de interesses promíscuos entre os que têm acesso à informação e aqueles que se dispõem a comprá-la ou a consegui-la de forma não transparente.  

Se estamos totalmente convencidos de que as informações são sigilosas, então o problema da falta de controle sobre as mesmas é realmente preocupante. Afinal de contas, o trato de informações sigilosas  requer controles e mecanismos de proteção muito maiores do que os seguem as Secretarias de Segurança. Abundam as denúncias de que certas empresas conseguem acesso às informações de lugares mais perigosos diretamente de fontes oficiais. Enquanto isso, não recebi resposta de NENHUMA Secretaria de Segurança à minha carta  (leia-a aqui) em que proponho parceria com WikiCrimes, justamente para expor aos cidadãos essas informações públicas. 

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ganso e Neymar


Estive este fim de semana em São Paulo e aproveitei a oportunidade para ir ao Morumbi assistir Santos e São Paulo. Não torço por nenhum dos dois times, mas tive vontade de ir. Achei que veria um bom futebol, principalmente, porque queria ver Ganso e Neymar jogando.

Não me arrependi. Não que o jogo tenha sido lá essas coisas, mas a impressão de que os dois jovens me deixaram foi a melhor possível. Merecem a atenção midiática que vêm recebendo.

Neymar é irritante: para os adversários. Tinhoso, rápido, objetivo e chato. Muito chato. A despeito de cair a todo momento, muitas vezes sem nenhuma razão, ele é muito diferente dos outros jogadores. Possui uma habilidade sem igual e é perigosíssimo ao gol adversário. Agora, em matéria de diferença, Ganso é campeão. Joga super simples. Passa com uma maestria, incrível. E anda em campo. Isso mesmo, anda.  Mas é rápido. Demonstra com a pouca idade que tem de que aprendeu, provavelmente por intuição, de que correr com a bola não é sinônimo de rapidez. Sabe que por mais que corra, a bola sempre será mais rápida.

Lembrei-me do querido Prof. Roberto Bastos, ainda hoje companheiro de racha no Náutico, meu primeiro técnico de basquete. Costumava fazer um exercício técnico conosco, garotos de 12 anos de idade, que tinha o objetivo de dar-nos agilidade, mas também mostrar-nos o quanto a bola era veloz. Os jovens adoram correr com a bola (no caso do basquete, picando. No futebol, com a bola no pé). Não bastava Roberto dizer-nos que a velocidade da bola deveria ser maior se corresse de mão em mão. Precisava mostrar-nos. Punha-nos no final da quadra e fazia-nos apostar uma corrida contra a bola. Ele jogava a mesma rasteirinha pelo chão e, nós, disparávamos atrás dela. Aos mais fominhas, ele sempre dava uma forcinha maior. Por mais que o cara fosse rápido, nunca vi um que ganhasse essa corrida, quando Roberto não queria.

Se Ganso fez exercício similar, não sei. Mas aprendeu bem a lição. O toque na bola refinado, esse não creio que se aprenda. É nato. O gol que fez, o segundo do jogo, foi um exemplo do que digo. Um jogador normal teria fechado os olhos e enchido o pé. Ele tocou com o lado de dentro do pé, sem muita força, entre Rogério e Miranda. Pegou os dois no contrapé. Ficaram inertes.

No mais, a ida ao Morumbi foi-me também nostálgica. A última vez tinha sido num Santos e Corinthias muito sem graça há cerca de sei lá quanto tempo (melhor nem me esforçar). Havia esquecido de como o acesso ao estádio é caótico, mas isso é assunto para outro texto.