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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Palestra INFOBRASIL

Hoje a tarde palestrei na Infobrasil. Esperava um público de profissionais de informática e aficionados no tema. Para minha surpresa a platéia foi maioritariamente formada por jovens estudantes secundaristas. Adorei ! Nunca tinha falado de WikiCrimes para um público tão jovem. Motivei-me por ter que falar num linguajar mais adequado à audiência. Foi um deleite. O nível de interação foi muito bom e as dúvidas apresentadas mostraram que consegui meu intento de passar a ideia de colaboração, transparência e dados abertos. Para os interessados, segue o prezi usado na minha apresentação



terça-feira, 26 de abril de 2011

Marketing Popular e Genial

Adorei essa forma super-original que Sérgio Melo me apresentou em que um comerciante criativo usou para vender seu produto (ver foto abaixo). Visto de longe se lê somente as letras garrafais. De perto a mensagem é outra. Clique na figura para ler com mais detalhe.

Não creio que a ideia tenha sido fruto de um MBA nem de um curso elaborado de marketing. Mera mistura de instinto com irreverência.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Financiamento Público de Campanha


Volta e meia a questão do financiamento público de campanha é discutida no Brasil. Ouço sempre argumentos prós e contras, mas creio que os mesmos não focam o principal.

Quero logo esclarecer que sou a favor. Mas não o sou porque ache que isso vai impedir candidaturas milionárias ou que o poder econômico deixe de prevalecer nos certames. Não sou inocente de achar que essa medida vai fazer com que todos os candidatos compitam no mesmo patamar.

No entanto, acho que o maior benefício do financiamento público de campanha é o de elevar o debate. Uma das razões de nossa política ser tão sofrível é porque os candidatos são ruins. Há muita gente boa que tem uma mensagem qualificada a passar, possui boas idéias, boa vontade e pode defender valores louváveis, mas que não entra na política porque não tem dinheiro para uma campanha mínima.

Embora não deixe todos os candidatos em condições iguais, o financiamento público vai colocar gente boa na política e isso é essencial para a melhoria do País como um todo.  Repito que sei que o poder econômico ainda será determinante para ganhar eleições, mas tenho certeza que vai ter muita gente que vai qualificar o debate. Algumas surpresas acontecerão. Será a única forma de renovar verdadeiramente os parlamentos.

O grande desafio é convencer a população de que o dinheiro gasto nas campanhas tem retorno. Acho que a renovação do parlamento, como espero que ocorra, por menor que seja, vale qualquer preço.

Ceará Campeão

Este texto visa complementar o escrito anteriormente. Jogamos uma final formidável contra a equipe baiana. Um jogo duro, mas leal e disputado ponto a ponto. A equipe da Bahia, como de praxe, era muito alta e pesada. No intervalo eles ganhavam por três pontos. No segundo tempo, prevaleceu nosso melhor preparo físico (acredite se quiser!) e a agilidade dos baixinhos cearenses. Acabou sendo uma revanche do jogo final há dois anos atrás quando perdemos aqui mesmo em casa.

sábado, 23 de abril de 2011

AVAB Ceará no Norte e Nordeste

Abaixo foto da equipe de basquete da AVAB (Associação dos Veteranos e Amigos do Basquete) do Ceará que chega a final neste domingo. Vitorias convincentes contra Pernambuco e Bahia credenciam a equipe ao título. Vamos torcer!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Governo Aberto, Pero No Mucho: A Timidez Paulista


A grande mídia deu espaço considerável a duas ações relacionadas a governo aberto na semana passada, mas parece não ter percebido a diferença de dimensão entre elas.

Uma notícia se referia ao fearsquare surgido na Inglaterra. A partir dos dados da Policia Britânica, o Lincoln Research Center  fez um aplicativo para celular que permite ao usuário, após um check-in no FourSquare, saber o do nível de periculosidade da região. Algo similar com o que já fazemos em WikiCrimes Mobile nos telefones iPhone e Android. Temos uma funcionalidade que chamamos de “Aqui é Seguro” (o “aqui” refere-se ao local onde o usuário está naquele momento, local este identificado pelo GPS embutido no telefone).

A outra notícia se referia à decisão do governo de São Paulo em publicar a estatística criminal mensal por distrito policial. É um avanço, não há como negar, mas muito tímido. Aplicativos como FearSquare e WikiCrimes precisam de dados em uma granularidade muito menor do que as estatísticas liberadas pelo governo de São Paulo. Esses aplicativos têm o objetivo de dar informações precisas ao cidadão sobre uma determinada área na qual ele se encontra. O que adianta ele saber que uma área de 10km2 onde ele está no momento a criminalidade é alta? Vai fazer o quê? Só chorar.  Se ele sabe que um determinado quarteirão é perigoso, a capacidade de tomada de decisão é muito mais ampliada.

Fearsquare  usa os dados da Policia Britânica que é de granularidade a nível de ocorrência individual. Tim Berners Lee, o inventor da web, costuma dizer que precisa-se abrir os dados brutos. Usa a expressão “Raw Data Now” (dados brutos agora!). Os ingleses abrem totalmente seus dados e dizem crime por crime onde ocorreram. WikiCrimes também usa esses dados além dos dados informados pela população. 

O governo de São Paulo, embora de forma louvável tenha dado um passo adiante nesse processo, perdeu uma ótima oportunidade de fazer o certo logo de uma vez. Sua atitude só mereceria elogios. Mas é incrível como nossa cultura é difícil de ser modificada!  E eu aqui no meu lado com WikiCrimes, atento e paciente. É só questão de tempo. Mas como demora!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Plebiscito do Desarmamento: Jogando para a Torcida


Esta é uma versão estendida de artigo publicado na coluna Opinião do Jornal O Povo hoje.

Fui a favor do desarmamento e continuo sendo. Num plebiscito votarei a favor sempre. Mas quando me perguntaram se achava que deveríamos buscar fazer outro, respondi sem hesitar: não.

Precisamos respeitar a opinião da maioria que foi contrária e não há nada que indique que o povo está arrependido. Na verdade, eu diria que vivemos um momento ainda mais desfavorável. À época do plebiscito, meios de comunicação e ditos formadores de opinião fizeram força para que o sim ao desarmamento fosse o ganhador. A população não foi sensível.

A inoperância do Estado para tratar das questões de Segurança Pública cria cada vez mais  a sensação nas pessoas de que precisam se defender por conta própria. É um sentimento perverso, equivocado, mas que nos obriga a buscar compreendê-lo ou, no mínimo, respeitá-lo.

Creio que vivemos hoje um dos momentos mais delicados da nossa história. As instituições responsáveis por fazer valer a lei estão extremamente debilitadas. A classe política fica jogando para a torcida buscando aparecer e sem a menor intenção de resolver efetivamente os problemas. Eu já havia escrito sobre a questão das armas em um texto que foi inclusive publicado no Jornal O Povo e em que mencionei um estudo do Instituto Sou do Paz.
No Rio, das 10 mil armas apreendidas entre 1998 e 2003, 17% pertenciam às empresas de segurança privada e de transporte de valores. Em São Paulo o número de armas furtadas e roubadas dessas empresas já é quase 30% do total que as mesmas têm registradas. Desde 2003, mais de 17 mil armas haviam sido extraviadas de empresas de segurança privada no País. Um número absolutamente fora dos padrões. Mas os problemas não se restringem ao contexto privado, nem se configuram privilégio de alguns locais. Aqui no Estado, por exemplo, a perda de pistolas .40 por policiais e bombeiros cresce inexplicavelmente. Justamente os profissionais supostamente treinados para lidar com armas, solicitam autorização para portá-las e, meses depois, notificam que as perderam! 
Esse é o grande problema brasileiro e é a única coisa que me parece ser possível ligar com a tragédia de Realengo. Talvez nada, nenhum tipo de lei, estatuto ou o que fosse, tivesse conseguido impedi-lo. Mas o fato é de o descontrole com que as armas ditas oficiais se perdem, extraviam, são furtadas, etc. é sinal da falência do sistema de acompanhamento e controle do fluxo de armas no País. Uma medida efetiva mínima seria implantar marcação obrigatória de armas e munições. Há tecnologia que permite localizar na bala, a origem da arma. Isso dependeria de obrigar as indústrias de armas a aplicarem a tecnologia.

Para finalizar, menciono novamente meu texto escrito há cerca de um ano atrás,
As respostas a essas perguntas bem como a outras que o estudo do Sou da Paz faz emergir só advirão com forte reforço das ações de implementação eficaz e completa do Estatuto do Desarmamento. Se assim não for feito, em breve estaremos a discutir mudanças na legislação por acreditar que o Estatuto é mais uma “lei que não pegou”.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

FHC em sua Plenitude


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreveu um extenso artigo semana passada  que li e reli. Acessem-no integralmente aqui. Trata-se de um artigo denso, muito bem articulado e cheio de reflexões inteligentes, provocadoras e instigantes. De tão instigante, alguns políticos de seu próprio partido vieram a público para se posicionar contra. Infelizmente FHC parece achar possível escrever somente como sociólogo e não mais como ex-presidente. Isso é impossível. Esquece (ou não se incomoda) de que é difícil lê-lo sem paixão. Ao não perceber isso, exagera na exposição e fica vulnerável à mesquinhez que predomina no jogo político nacional.

Independente disso, eu acho que, na época atual, onde a mesmice intelectual prevalece na política, FHC é um dos poucos que consegue quebrar essa monotonia. Primeiro veio sua defesa da descriminalização dos usuários de droga, agora vem esse artigo de diretrizes de uma nova política. Sua imagem, no entanto, é muito desgastada. Lula conseguiu desconstruir FHC e, aliás, ainda o faz. Sobre esse artigo em particular, ele fez logo uma interpretação simplória, quase maldosa, de que FHC estava sugerindo esquecer o povão. Chegou a dizer “não sei como alguém estuda tanto  para dizer que devemos abandonar o povão”. 

FHC não queria desprezar o povão e é simples perceber isso (se for lido sem paixão e honestamente). O que ele disse claramente é que o Brasil está se tornando um País de classe média. Que classe média é essa? O que ela vai defender? Quais são os valores que vão caracterizá-la?  Há um enorme espaço político para oposição, se conseguir capturar e seduzir essa classe. FHC considera que o povão é muito  identificado (mesmo cooptado e aparelhado) com o governo Lula, PT e Dilma, mas o primordial é de que essa massa será menos determinante (em termos quantitativos) nas eleições. Já somos em torno de cem milhões de classe média. Senão vejamos o que ele escreveu em um trecho do artigo:
Sendo assim, dirão os céticos, as oposições estão perdidas, pois não atingem a maioria. Só que a realidade não é bem essa. Existe toda uma gama de classes médias, de novas classes possuidoras (empresários de novo tipo e mais jovens), de profissionais das atividades contemporâneas ligadas à ti (tecnologia da informação) e ao entretenimento, aos novos serviços espalhados pelo Brasil afora, às quais se soma o que vem sendo chamado sem muita precisão de “classe c” ou de nova classe média.
Concordando-se com esse diagnóstico, vem logo o segundo aspecto: não será mais fundamental enfatizar nas políticas compensatórias nascidas ainda em seu governo e implantadas com a dimensão massiva que marcou o governo Lula.  Mostrando estar antenado com o que acontece no mundo virtual, ele se refere às novas formas de participação popular e formação de comunidades e redes sociais.
Pois bem, a imensa maioria destes grupos – sem excluir as camadas de trabalhadores urbanos já integrados ao mercado capitalista – está ausente do jogo político-partidário, mas não desconectada das redes de internet, Facebook, YouTube, Twitter, etc.
Ainda sobre as redes sociais,
No mundo interconectado de hoje, vê-se, por exemplo, o que ocorre com as revoluções no meio islâmico, movimentos protestatórios irrompem sem uma ligação formal com a política tradicional. Talvez as discussões sobre os meandros do poder não interessem ao povo no dia-a-dia tanto quanto os efeitos devastadores das enchentes ou o sufoco de um trânsito que não anda nas grandes cidades. Mas, de repente, se dá um “curto-circuito” e o que parecia não ser “política” se politiza. Não foi o que ocorreu nas eleições de 1974 ou na campanha das “diretas já”?
Como disse antes, o artigo de FHC é extenso e poderia ser sublinhado em diversos pedaços. Suas ideias merecem ser debatidas, concordemos ou não com o que ele professa, mas admitamos que nos dias atuais suas ideias são o pouco de instigante que nasce da oca política brasileira. O PSDB então deveria logo se apropriar de muito exposto por FHC, senão “outro vem e come”. 

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Decadência na Inovação Americana?


Estariam os americanos perdendo sua capacidade de inovar e assim manterem-se líderes mundiais? Os incrédulos de que essa característica é importante, basta ver todas as inovações tecnológicas que aparecem diariamente na Internet para perceber o quão pujante é o País nessa área.

A capacidade de inovar possui uma correlação com a política imigratória. à histórica relação que os EUA sempre tiveram com os imigrantes. A Intelligentsia americana foi fortemente originada de migrantes, judeus e orientais (incluindo Indianos), em maioria. Os governos americanos sempre induziram a imigração intelectual e contavam com o símbolo da América Terra dos Sonhos para seduzir os que buscavam um novo ambiente de trabalho e residência.

Com o passar do tempo isso quase que se institucionalizou e foi um dos fatores que levou a diminuição do interesse do jovem americano em seguir a carreira científica. Alguns crêem que houve igualmente uma queda no sistema de ensino básico americano, o que fez com que o concorrido processo competitivo de entrada nas grandes universidades americanas fosse vencido majoritariamente por alunos vindos de fora do País. Isso não parecia ser um problema. Na verdade, se tratava mesmo da estratégia principal do processo de ” imigração seletiva”. Os alunos vinham estudar e os bons “seduziam-se” facilmente pelo American Way of Life e pelas propostas vantajosas das Empresas e Universidades de lá.

Isso haveria de acabar um dia. E parece que o começo veio bem no começo do novo século. As economias crescentes da China e Índia, principais fornecedoras de migrantes , também passaram a seduzir. A crise econômica foi outro duro golpe nos EUA. O desemprego crescente por lá também está servindo para mostrar que o País do Futuro pode estar bem mais próximo à terra de nascença dos alunos migrantes. Além disso, os governos de países exportadores decidiram lançar políticas agressivas também. Os chineses lançaram um projeto enorme de aquisição cérebros a ser executado em cinco anos. Em 2008 começaram um projeto para contratar  2000 cientistas estrangeiros e trazer de volta para casa cerca de 1000 cientistas  chineses que haviam deixado o País. Cerca de U$150 milhões estão sendo aplicados para esse fim. Não esquecer que isso tudo deve ser feito juntamente com investimentos fortes no atual sistema educacional. 

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Dificuldade da Elicitação de Requisitos

A dificuldade da elicitação de requisitos é muito bem representada nessa estória em quadrinhos. Quanta dificuldade de comunicação.


terça-feira, 12 de abril de 2011

Governança de TI


Semana passada participei de duas palestras proporcionadas pelo Tribunal de Contas do Estado do Ceará sobre o que vem sendo feito  por estas côrtes para incrementar as auditorias nas áreas de tecnologia da informação dos governos. A primeira palestra foi dada pelo ministro do Tribunal de Contas da União – TCU e a segunda por Paulo Alcântara, funcionário da ETICE, lotado no TCE-CE.

A constatação de que os gastos com TI se elevam cada vez mais e de que as contratações de serviços nesta área contemplam particularidades difíceis de serem compreendidas pelo auditor comum motivaram à criação de políticas específicas. Além desses aspectos, vale ressaltar que as informações que estão hoje guardadas em bancos de dados governamentais são valiosíssimas. Se esses órgãos não possuírem mecanismos de gestão  de TI bem implantados podem gerar prejuízos incalculáveis à sociedade.

A iniciativa do TCE-CE é louvável e digna de menção. Desde 2008, o TCE-CE vem se preparando para realizar auditoria de TI. Um concurso público foi feito para a contratação de auditores especializados na área, o que permitiu compor uma equipe qualificada e que agora começa a mostrar resultados.

Recebi um relatório de levantamento acerca da situação da governança de TI na Administração Pública Estadual feito pelo TCE-CE. Nele podemos ver como a situação dos setores de TI dos órgãos é frágil. No entanto, os profissionais da área que trabalham nos órgãos ficaram felizes de estar recebendo a “visita”do TCE. As sugestões e conselhos  emitidos no relatório de auditoria são na verdade uma forma de pressionar os governos para que mais investimentos sejam feitos no setor.  Certamente uma instrução normativa do TCE para os órgão é uma ajuda e tanto. 

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Carona Amiga: Nostalgia


Nas minhas recentes conversas com amigos, percebo uma nostalgia latente. O ponto comum de que todos se ressentem é da liberdade que tínhamos de ir e vir. Quando jovens explorávamos Fortaleza a pé, de ônibus, bicicleta e, eu em particular, de carona.

Tinha me esquecido do quanto eu pegava carona. Era caroneiro de todo momento. Não era somente em ocasiões especiais, para ir a uma praia ou lugar mais distante. Voltava de carona da escola quase que diariamente, principalmente quando estudava no Santa Cecília (cerca de 30 anos atrás). Dirigia-me ao sinal da Estados Unidos (hoje Sen. Virgílio Távora) com a Antonio Sales e pedia carona aos que paravam lá.

Algumas diferenças daquele tempo para cá. Não existia o flanelinha que hoje domina a maioria dos semáforos da cidade. A Antônio Sales era duas mãos o que me era crucial, pois vinha da Estados Unidos até a Barão de Studart. Mas a principal diferença era, obviamente, o fato de que as pessoas  não se furtavam a oferecer-me carona. Poucos carros tinham ar condicionado. Consequentemente, o contato do caroneiro com o condutor do veículo era mais fácil. A farda da escola ajudava muito. Quando estava fardado a taxa de aceitação era muito maior. Nunca fiz a conta para saber quanto. Na época não era obcecado em “numerizar” tudo.

O desaparecimento da carona amiga é muito emblemático da forma como vivemos hoje. Não há o menor sentido nem pedir, nem dar carona. Vivemos com medo dentro de nossas casas e de nossos carros. Como chegamos a isso? Acho que naquela época já estávamos nos dirigindo ao que somos hoje. Só que não percebíamos. Agora, resta-nos reconhecer que temos uma dívida enorme a resgatar. Talvez, um dia, nossos netos voltem a pedir carona. E nós mesmos poderemos estar no carro ofertando tranquilamente uma carona amiga.  

sábado, 9 de abril de 2011

Governo 2.0: Uma Nova Perspectiva Sobre o Uso da Informação Pública


A Internet tem mudado gradativamente a forma de se viver em sociedade ao proporcionar, dentre outras coisas, novas formas de interação entre as pessoas, negócios inovadores e novas formas de prestação de serviços públicos. Essas mudanças ocorrem normalmente em ondas com força e cadência cada vez maiores. A última onda, chamada Web 2.0, caracteriza-se pela intensa participação das pessoas na produção e publicação de conteúdo na rede mundial. Passa-se de um paradigma de distribuição centralizada e eminentemente oligárquico de produção e veiculação da informação para o multilateralismo e a descentralização característicos das redes.

A cultura do compartilhamento de opiniões, fotos, vídeos, resenhas, livros, etc. dissemina-se e empolga. Web 2.0 é essencialmente participação das pessoas e, por assim ser, novas formas de relação dos cidadãos com os governos devem emergir.  Para que isso ocorra, concentro-me cá sobre a necessidade de uma nova postura governamental no trato da informação pública na Internet (mesmo que em essência, a mudança não se restrinja somente a esse veículo). Essa nova postura, a qual denominaremos Governo 2.0 (mantendo a conformidade com o símbolo Web 2.0), fundamenta-se nos seguintes pilares que se reforçam mutuamente: transparência, participação e inovação. 

Transparência e publicidade de dados públicos são pontos nevrálgicos dos governos os quais, infelizmente, ainda tratam suas páginas e portais na Internet como veículo de propaganda. É comum divulgar o sucesso e esconder as deficiências. A Grã-Bretanha, um dos países mais avançados no conceito de Governo 2.0, é um bom exemplo de como mudanças a essa postura têm sido feitas. Lá o Ministério da Saúde provê, em sua página Web, acesso ao rendimento dos hospitais (sob diversos critérios) com inclusive acesso a taxa de mortalidade de pacientes desses hospitais por cada tipo de procedimento. 

Ressalte-se que abrir-se à sociedade requer coragem, porque implica organização das próprias informações bem como a disposição de estabelecer canais de diálogo franco e proativo com a sociedade. Embora difícil, isso é recompensador, porque trata-se de um meio para se obter credibilidade da população e fortalecimento do segundo dos pilares: participação. As pessoas estarão dispostas a participar, se confiarem no governo e nas informações que lhes são postas à disposição. Serão assim potenciais produtoras de novas informações bem como de inovações a partir da exploração das mesmas. Petições e páginas Web para acolher denúncias sobre falta de infra-estrutura em uma determinada região de uma cidade são de mais em mais usadas pelos cidadãos. 

As denúncias de poluição sonora e de lixo nas ruas que estão sendo feitas na Internet por fortalezenses e o mapa de buracos feitos no Google são exemplos de como isso pode ser conseguido. Vemos aqui exemplos de serviço público que emergiram por iniciativa das pessoas sem exigir esforço do governo. Não foi preciso contratar ninguém e tudo se estabeleceu rápida e informalmente. Aos governos cabe, no entanto, engajar-se no processo de diálogo para prover soluções e prestar conta das ações realizadas. Por fim, menciono o terceiro pilar que é ortogonal aos outros dois: inovação.

Cada vez será mais difícil para os governos atenderem sozinhos a todas as demandas de serviço dos cidadãos.  Os governos hoje são fonte de considerável volume de dados que não conseguem explorar para transformar em serviço útil à população. O modelo tradicional de produção de serviços públicos com uso intensivo da tecnologia da informação baseia-se ou em desenvolvimento proprietário pelos governos ou na terceirização. Tal modelo carece de ampliação e para isso é necessário fazer diferente. Com transparência e participação inovações podem surgir. Os governos têm que se estruturar para se tornarem plataformas provedoras de dados de forma a deixá-los acessíveis a todos. Cabe-lhes promover o desenvolvimento e exploração pela Internet dos dados públicos pelos cidadãos da forma como lhes for conveniente. É preciso criar espaço para empreendedores sociais que podem fazer muito com o trato das informações públicas. Há gente capaz de inovar com a criação de páginas na web que podem ser benéficas à sociedade como um todo. Uma comunidade formada por jovens desenvolvedores de software livre, por exemplo, está ávida para inovar. 

Um exemplo de como essa revolução já está se processando nos EUA é a crescente liberação de dados criminais dos departamentos de polícia para que sejam usados em mapas on line com acesso direto pelos cidadãos. As polícias americanas perceberam que quanto mais as pessoas entenderem o que está acontecendo no seu bairro, mais elas podem ajudar. Aqui no Brasil, começamos Wikicrimes há mais de três anos, mas até hoje não temos a participação dos Órgãos oficiais. Quero ainda acrescentar que Governo 2.0 implica também aumento da capacidade de análises inter-disciplinares. Estatísticas e análises sobre relacionamento de informações vindas de diferentes bancos de dados serão realizadas pelos vários pesquisadores que se dispõem a estudá-las. Todos lucrarão.  É preciso então começar. Este texto é um convite a todos aqueles que mantêm dados oficiais (que vale lembrar: são públicos) aprisionados em seus bancos de dados, para que os libertem. Eles serão o vetor transmissor de uma relação de parceria com a sociedade que tende a ser muito frutífera.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Luizianne e os Covardes

A prefeita Luizianne consegue quase sempre, em suas entrevistas, fazer declarações polêmicas. Goste ou não dela, há que se admitir, ela faz notícia. Recentemente ela disse que sabe dos ataques covardes que lhe estão sendo feitos pela Internet. No O Povo chegou a dizer que “vai ter que entrar nesse negócio”(sic).  Veja uma das declarações abaixo:

"A cidade está bombando de obras, com maior investimento do Nordeste, cheia de coisas promissoras e ficam numa "ladainha" boba de ataques covardes. Alguns anônimos criam clima na cidade, fazendo guerra viral na Internet".

Depois dessas declarações, a conseqüência foi que alguns internautas, ao saber da reclamação da prefeita, decidiram escrever suas críticas com assinaturas explícitas justamente para mostrar que não estão se escondendo.

O que acho que vale reflexão aqui é o papel que a Internet e as redes sociais vêm desempenhando como instrumento de participação popular. A Prefeita quando diz que acha covarde as críticas demonstra não conhecer nada da lógica das redes sociais. Não pense que é porque você não está na rede que não vão falar de você. É bem verdade que o fato de não estar presente para debater faz com que as pessoas se sintam mais à vontade para criticar. Isso é muito comum mesmo nos meios de comunicação mais tradicionais. É fácil perceber que jornalistas quando confrontados pessoalmente com políticos são menos ácidos do que quando escrevem.

Enviar um esquadrão para defender a Prefeitura e discordar das críticas parece ter sido a estratégia adotada pelo PT e pela Prefeita. Não creio que isso ajude muito não.

E o que ajuda então? Evidentemente que fazer uma boa gestão é a melhor resposta aos críticos. Mas adicionalmente, um gestor público atualmente se obriga a ter uma política de governo que envolva as mídias sociais. Não se trata somente de fazer propaganda (se bem que é uma alternativa não desprezível), mas acima de tudo, é preciso utilizar as redes sociais como instrumento de propagação de idéias positivas.

Gosto sempre de dar o exemplo do Wikimapps Lixo que fizemos juntamente com o Jornal O Povo. As pessoas podem usá-lo para mapear lixo nas ruas através da Internet. Esse tipo de iniciativa se apropriada pela Prefeitura é uma ótima oportunidade de sair da defensiva. Ao invés de somente receber críticas e denúncias, pode-se prestar contas das ações executadas e das medidas tomadas após as denúncias dos cidadãos. Campanhas educativas também podem ser realizadas usando a força das redes.

Infelizmente, a política mais comum adotada pela Prefeitura tem sido a de avestruz. Não aceita as criticas, e ainda se nega a ver os problemas na cidade. Afinal, “a cidade está bombando ...”diz a prefeita. Eu é que digo: “assim é covardia”.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Recursos Humanos para Inovação em TIC

Estive ontem palestrando na CSTIC (Câmara Setorial de Tecnologia da Informação e Comunicação). Apresentei algumas "notas"sobre minha visão das dificuldades cearenses em avançar mais rapidamente na área da inovação em TIC. Em resumo, vejo que temos um problema de escassez de recursos humanos com base científica, o que poderia fortalecer a base das empresas e aumentar a competitividade por projetos de inovação. Creio que somente através de uma política agressiva de captação de doutores (aliada evidentemente às ações de formação que vêm sendo empreendidas pelas Universidades) é que poderemos dar um salto significativo. As transparências usadas em minha palestra estão abaixo. Agradeço comentários.


segunda-feira, 4 de abril de 2011

O DIA nasceu !


Espero que os que leiam este texto sintam a euforia que me move. O curso de Doutorado em Informática Aplicada(DIA) teve autorização para funcionamento pelo MEC/CAPES órgão responsável pela avaliação da pós-graduação brasileira. Seremos o segundo curso no Estado (a UFC já tem um curso com pouco mais de cinco anos de vida).

Essa autorização é um prêmio à UNIFOR pela forma consistente como vem investindo em pesquisa bem como é um reconhecimento à um grupo de jovens pesquisadores, o qual me incluo (gostaram do “jovens”?) que, desde o momento da criação do Mestrado em Informática Aplicada em 1999, dedicou-se fortemente para galgar os difíceis degraus de ter excelência na área de computação.

O DIA nasce com a proposta de formar doutores que possam suprir as carências da pesquisa acadêmica em TIC(Tecnologia da Informação e Comunicação), mas igualmente possam formar cientistas empreendedores com capacidade de realizar projetos aplicados  tanto sociais como voltados à inovação empresarial.

A primeira turma deverá receber cerca de 10 candidatos ainda nesse primeiro semestre. Maiores detalhes serão definidos em breve pela UNIFOR.