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quarta-feira, 23 de março de 2011

Inovação e Cooperação Universidade-Empresa

Inovação é a palavra da vez no País e não poderia deixar de sê-la no Estado. O crescimento da economia e a conseqüente busca por competitividade obrigaram-nos a acordar para a necessidade de inovar. Naturalmente o tema sobre a necessária aproximação da academia com as empresas vem à tona. Vivemos, há não muito tempo, um dilema falso de que a geração de riqueza era dissociada do desenvolvimento científico. A veia humorística cearense quando expressa “não ficou rico porque decidiu estudar”, reflete um pouco desse sentimento.

O fato é que, agora que inovação virou moda, fica claro que o conhecimento científico é fundamental para a geração de riqueza. Pesquisadores são os parceiros ideais dos empresários na busca de inovação. Eles, por serem obrigados a estarem na fronteira do conhecimento, têm naturalmente a visão do que é novo.  Evidente que isso não exime o feeling que os empresários têm sobre se a ideia dá dinheiro. Por outro lado, a possibilidade de aplicar as pesquisas na sociedade e gerar benefícios em escala significativa fica potencializada com a participação da iniciativa privada. E isso pode dar, além de dinheiro, outra coisa altamente almejada por um pesquisador: reconhecimento.

Muito embora os benefícios da aproximação dos campos sejam facilmente demonstrados, é comum escutar visões estereotipados de um lado em relação ao outro e vice-versa. Isso tem conseqüência deletéria na almejada aproximação, pois elas pode ocorrer de forma bem mais natural se as partes passarem a conhecer melhor a agenda própria do outro. São mundos com lógicas próprias e objetivos que via de regra correm paralelamente e não necessariamente devem sempre convergir.

A agenda acadêmica, por exemplo, é bem ampla, pois envolve docência, extensão e pesquisa. Alem disso, não adianta pensar que tudo quanto é pesquisador deve ter que fazer pesquisa aplicada. Cheguei a escutar empresários “cobrando” retorno social do pesquisador. As pesquisas, pejorativamente chamadas de prateleiras, são as que as dão a base para que as pesquisas aplicadas ocorram e em via de regra são as que causam inovações de ruptura.

O desafio é criar as condições favoráveis para que os dois lados se sintam motivados a participar e assim obter os resultados alvissareiros que isto pode dar. Nesse aspecto, considero que a forma mais efetiva de cooperação deve envolver sempre que possível a imersão do pesquisador dentro da Empresa. Ele precisa conhecer o negócio da Empresa, suas potencialidades e seus problemas. Isso é fundamental porque a descoberta de um problema (em termos científicos) é uma das etapas cruciais do processo de pesquisa.

Tenho visto muito freqüentemente os empresários buscarem na academia soluções para problemas que os mesmos identificam nas suas Empresas. Em sua grande maioria tratam-se de problemas que podem ser resolvidos com a adoção de uma tecnologia adequada. Não deixam de ser importantes para a Empresa e podem otimizar suas operações, mas não se caracterizam como problemas de pesquisa e que, ao serem resolvidos, podem dar um diferencial competitivo significativo.

Já mencionei em texto anterior (acesse-o clicando aqui) como algumas empresas estão criando um conselho de ciência e tecnologia e colocando pesquisadores acadêmicos para fazer parte do mesmo. Se provermos soluções para os problemas apresentados sob essas duas óticas, a aproximação será muito mais fácil. Na verdade, sou bem otimista quanto a essa aproximação, pois é exigência do mercado globalizado. Vale a lembrança de que o maior indutor da aproximação universidade-empresa é a competição do mercado que vai exigir inovação em todos os níveis das organizações. Quem não investir nisso, não sobreviverá muito tempo.

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