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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Retrospectiva: Câmara Setorial de Tecnologia da Informação e Comunicação

Final de ano, momento de retrospectivas e de se pensar sobre resultados obtidos, tarefas realizadas, expectativas de futuro, enfim, uma parada para reflexão.

Apliquei um pouco de minha energia (que aliás, foi dividida, como nunca, entre muitas ações como sempre J) com atividades relacionadas ao incremento do nível de inovação no setor de Tecnologia da Informação. Como representante da FUNCAP na Câmara Setorial de TIC (CSTIC), mas também em várias ações na própria FUNCAP, o futuro da área de TIC esteve muitas vezes presente em minhas discussões, reuniões, palestras, almoços e diálogos.

Minha atuação na CSTIC, por exemplo, foi comentada aqui durante visita do Deputado Ariosto Holanda à Câmara e aqui quando fiz uma apresentação para expressar minha opinião de onde estamos e para onde deveríamos ir. O ponto alto disso tudo foi a conexão com grupos de P&D no exterior, em particular, com o DERI de Stefan Decker que nos deu a honra de sua visita. Espero que no futuro a dimensão dessa visita e do que ela pode (e vai) nos trazer seja mais claramente compreendida.  

O tema inovação parece ter decididamente me escolhido (além de minha voluntária escolha). Atuo como aprendiz e mestre. Aprendiz ao buscar minhas primeiras iniciativas como empreendedor privado. Mestre enquanto pesquisador com foco na práxis e com alguma bagagem teórica sobre os desafios de se inovar em TIC. Um ajuda o outro, mas longe de determinar que minhas iniciativas serão sempre bem sucedidas ou de que possuo a chave do tesouro. Percorremos todos um longo caminho que não se faz sem algumas frustações, mas que podem e devem ser analisadas por uma perspectiva otimista de quem acredita que em tudo há aprendizado.

O final do ano, com as mudanças na FUNCAP, colocaram alguns projetos em compasso de espera, mas que espero que sejam continuados, se não por mim, por quem puder empreende-los. Particularmente, aposto em um projeto agressivo de atração de doutores em TIC do exterior para o Estado. As bases para isso existem com o FIT (Fundo de Inovação Tecnológica) e agora com a iniciativa do Governo Federal com o programa Ciência Sem Fronteiras. Se depender de mim, 2012 será  o Tipping Point da inovação em TIC no Ceará. Só que não posso deixar de humildemente perceber que, o que de mim depende não é muito L.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Futebol e dinheiro público

Final de ano, momento de retrospectivas e de balanços de resultados. Como sou um fã incondicional de futebol, fito o tema, mas sem a pretensão de analisar táticas ou técnicas. Creio mais relevante pontuar o quanto considero inadequado o financiamento público dos times de futebol da forma como vem sendo feito pelos governos estadual e municipais.

Os governos vêm patrocinando diretamente os times profissionais em troca de um espaço de “propaganda” na camisa dos times. Típico caso de merchandising de uma imagem. Completamente inapropriado em se tratando de verba pública. Trata-se de uma deturpação do conceito de publicidade das ações públicas onde deve-se visar o provimento de informações ao cidadão sobre as ações realizadas pelos governos.

Infelizmente esse tipo de patrocínio vem se difundindo. O jornal O Povo apurou que  em 2011 algumas prefeituras investiram mais de 1 milhão de reais em times profissionais que disputam o campeonato cearense de futebol. Há um grande rol de razões para que isso não seja aceito pela sociedade. Desde o inexistente impacto social ao fato de que acaba servindo mesmo é para auxiliar a promoção individual de dirigentes dos times (normalmente com ambições políticas).  Além do mais, o péssimo ano do futebol cearense serve para mostrar que não é isso que vai nos fazer ter times melhores.

Não estou a dizer que não é papel dos governos apoiar o desporto profissional, mas há várias outras formas. Deve-se, por exemplo, fornecer uma infraestrutura correta e digna que dê acesso aos torcedores. O futebol como instrumento educativo também merece todo o apoio. Parcerias entre as escolinhas de futebol dos clubes e as escolas públicas seria uma iniciativa muito valiosa e de interesse público. Este tipo de iniciativa pode trazer vantagens mútuas, tanto para a sociedade com a inserção de jovens e adolescentes, quanto para os próprios times profissionais que precisam desesperadamente de craques formados nas categorias de base. 2012 bem que poderia ser diferente.

* artigo publicado na coluna Opinião do Jornal O Povo hoje

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Inovação na Fotosensores

Semana retrasada palestrei na empresa fotosensores atendendo a honroso convite de Eurico Filho. Falei sobre inovação em Tecnologia da Informação (TIC). Oportunidade ainda de vislumbrar parcerias e fazer balanços do que já estamos desenvolvendo em conjunto.

Não creio ter falado muita novidade para uma empresa que nasceu na universidade e tem a inovação em seu DNA, mas foi sem dúvida uma ótima oportunidade para trocar ideias com os que a compõe. Desde Baltazar, um dos sócios, passando por técnicos e convidados, o ambiente leve e descontraído foi preponderante.

Meu discurso foi basicamente o mesmo que tive quando da apresentação que fiz para a Câmara Setorial de Tecnologia da Informação na Agencia de Desenvolvimento do Ceará (ADECE). A grande diferença é que não posso mais dizer que não conheço empresas cearenses de TIC que tenham núcleo de inovação estabelecido com pelo menos um doutor fazendo parte do mesmo: a Fotosensores tem isso e pude conhecer in loco. Seguem abaixo as transparências usadas.


sábado, 24 de dezembro de 2011

Nostalgia: Sodade

Descobri Cesaria Évora na França quando lá morava em 1994. Foi nessa época que ela começou a ser conhecida do grande público. Seu estilo único e suas canções caboverdeanas sempre foram recheadas de nostalgia. Embora muitas vezes não conseguisse entender a letra pelo fato dela cantar em um português de Cabo Verde nada convencional, foi natural para mim admira-la.

Seu falecimento no último sábado me trouxe saudade. A mesma saudade tão bem representada na melodia de sua música que mais me encanta. Descanse em paz ao som de Sodade.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Ainda Sobre a Violência

Em texto anterior, mencionei o quanto o poder público está sem poder de reação frente à onda de violência que assola os estados nordestinos. Os governos i) não conseguem agir integradamente; ii) não conseguem renovar as instituições responsáveis pelo combate à criminalidade e iii) não conseguem agir preventivamente. Deixem-me detalhar esses três aspectos a seguir.

Segurança pública é algo maior do que polícia. Exemplifiquei isso aqui. Isso implica agir integradamente em diversas frentes: sistema prisional, sistema preventivo, sistema repressivo e sistema judiciário. Como todas as instituições públicas envolvidas nesse processo são extremamente deficientes por causas diversas, a tarefa é hercúlea. O que os governos normalmente fazem é agir em uma frente, a que acham que pode ser mais produtiva (ou visível à população). E quando falo integração, refiro-me ainda a trabalhos que envolvam as diferentes esferas. Prefeitura e Estado, por exemplo, têm que atuar fortemente integrados no processo preventivo. Quando vemos jovens na rua cheirando crack à luz do dia, como ocorre na região da Beira-Mar, não adianta chamar o Ronda. É problema de outra esfera e de outra dimensão. Mas pergunto: alguém sabe que número de telefone a ligar para fazer uma denúncia? A quem devemos recorrer?

O fortalecimento das instituições que combatem diretamente a criminalidade e buscam reduzir a violência implica em qualificação de pessoal, monitoramento, punição dos desvios e gestão. Esse é o aspecto que mais tem direta relação com o Governo do Estado. A decisão de fazer um Ronda com um programa de treinamento deficiente e fechar uma academia de polícia por quase quatro anos são indicadores de que por aqui não dá para esperar muito.  Aliado a isso, vimos recentemente o governador preso (sem intenção de trocadilho) entre policiais e bombeiros que faziam manifestações por melhores salários e condições de trabalho. Tenho o sentimento de que a compra das Hilux para carro de patrulha leva os policiais a acharem que são preteridos em seus salários. A criação de uma corregedoria não vinculada à SSPDS é alentadora, mas ainda persistem dúvidas de como isso pode praticamente ter efeito se os corregedores não são funcionários de carreira.

Por fim, a prevenção, que também já foi objeto de alguns textos escritos neste blog, vive de ações pontuais, quase que protótipos de solução. Não têm impacto significativo, nem sustentabilidade. Várias ideias boas (mulheres da paz no Bom jardim, por exemplo) são executadas de forma dispersa e sem nenhuma sustentabilidade. Acabam não tendo resultado significativo e viram candidatas a boas ideias estragadas

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Mapa da Violência 2012: Sobre Números e Pautas

Essa semana a pauta dos meios de comunicação nacional e cearense foi definida pelo lançamento do relatório sobre o mapa da violência 2012 feito pelo Instituto Sangari. Ao final de 2011 estamos nós aqui falando dos números de 2010 descritos em um relatório que tem título de mapa de 2012. Mais uma aberração do nosso ultrapassado e equivocado modelo de tratamento dos dados criminais e que dá margens para os jogos de interpretação dos números. Deveríamos ter acesso a esses números de maneira muito mais ágil e transparente. 

Esse descompasso de tempo de análise com dados ultrapassados, levou o Secretário de Segurança atual dizer que os números se referiam a uma época em que a gestão não era sua (do mesmo governo!). Ele disse que agora já havia conseguido estabilizar a situação. Ainda assim, estabilizar a violência em níveis de 29 por cem mil habitantes não parece algo muito animador. A ONU considera aceitável índices abaixo de 10 homicídios por cem mil habitantes.  

Essa situação me leva a pensar o seguinte. Se em 2012 a violência aumentar, estaremos lendo o relatório de 2011 e o Secretário poderá dizer que conseguiu estabilizar a violência em 2011 (não valerá a pena falar de 2012). E assim vamos nos especializando a “interpretar” os dados da forma que nos interessa.

De qualquer forma, não vou deixar de falar sobre a questão já que voltou a ser tema relevante. Já havia comentado, quando da campanha para o governo do Estado em 2009, sobre os números catastróficos da Segurança Pública nos últimos dez anos. Na verdade a hemorragia da violência no Ceará começa por volta de 1995, mas acentua-se a partir de 2000. Os últimos quatro anos são marcados por uma escalada jamais vista na nossa história que culminou com algo nunca dantes ocorrido: passamos a média do Brasil. Em 2010 chegamos a taxa média de 29,7 homicídios para cada cem mil habitantes  enquanto que a média nacional é de 26,2. Vejam o gráfico abaixo extraído do estudo do Instituto Sangari. Sob esse ponto de vista, alertei aqui, em outubro desse ano, o quão comprometido é o resultado do modelo que se fundamenta no Ronda do Quarteirão.

A verdade infeliz é que os estados nordestinos estão sofrendo cada vez mais com a crescente onda de violência, que antes era restrita às grandes regiões metropolitanas e agora passaram epidemicamente a se espalhar. Vê-se claramente que o poder público não consegue mais tratar o problema. Onde isso vai parar? Eu sinceramente não sei.



sábado, 17 de dezembro de 2011

Penalty e Cambalhota

Borges, atacante do Santos, gosta de comemorar seus gols dando cambalhotas. Esse vídeo que encontrei na Internet me fez lembrar dele. Não é inspirador?! :-))

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

WikiCrimes OpenGov Começa com a cidade de São Paulo

Mais uma novidade nasce do laboratório de engenharia do conhecimento da UNIFOR e de sua start-up associada Wikinova. Agora temos uma versão de WikiCrimes que se baseia exclusivamente em dados governamentais. Eu já havia mencionado em textos anteriores como estávamos trabalhando WikiCrimes para que ele seja cada vez mais um espaço, não só de recepção de dados criminais vindo da população, mas para que seja igualmente  um local que congregue dados governamentais advindos dos departamentos de policia no mundo que aderem de mais em mais à prática de governo aberto (OpenGov).

Neste primeiro momento WikiCrimes OpenGov começa somente no iPhone e com dados da criminalidade de São Paulo. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo é a única no Brasil que abre seus dados de crime no nível de granularidade de distrito policial. A iniciativa ainda não tem o porte que desejamos, pois o correto é dispor de todos os dados das ocorrências individualmente. No entanto, ela é inegavelmente um grande avanço na nossa retrógrada cultura de baixíssima transparência para com os dados públicos, em especial com os dados da Segurança Pública.  

WikiCrimes OpenGov no iPhone é um exemplo de como o cidadão pode se beneficiar com as informações abertas. Ele tem duas funções: consultar por delegacia de policia na cidade e São Paulo e consultar sobre a criminalidade do local onde o usuário do telefone se encontra.

A consulta de delegacias usa a técnica de realidade aumentada. Para realiza-la o usuário basta acionar o botão de consulta delegacias mais próximas e apontar  seu iPhone para a direção que deseja saber onde estão estas delegacias. Através de ícones de edificações e de um pequeno radar, é possível identificar quais delegacias de polícia existem ao redor. Se desejar, o usuário pode também visualiza-las no Google Maps.

Na consulta sobre o quão seguro é um determinado local, o usuário recebe informações sobre a área da delegacia policial mais próxima com um ranking especificando a colocação daquela área em termos de quantidade de crimes. Venha conhecer WikiCrimes OpenGov. Está na loja da Apple por módicos R$ 1,99. Basta clicar aqui.


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Mais para idiota do que para gênio

Adorei essa figura que anda circulando nas redes sociais e que por isso decidi compartilhar aqui. Esse é o tipo de comportamento que presenciamos diariamente nas ruas de Fortaleza e que bem que valeria uma manifestação contrária nas redes sociais.



segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Open Data Institucionalizado

Escrevi recentemente sobre minha admiração pelas iniciativas de governo aberto que conheci nos EUA durante minha visita a Washington. Comentei também que na apresentação de Jeanne Holm, coordenadora do site http://data.gov, uma ênfase especial foi dada a como dados abertos pode conduzir a inovações.

Mas não são somente os americanos que perceberam essa dimensão. Os ingleses foram além e criaram o Open Data Institute (ODI - Instituto de Dados Abertos). Este instituto visa fomentar a inovação com o uso de dados abertos já nasce com um orçamento de 10 milhões de libras e passa a ser capitaneado nada mais nada menos que pelo Sir. Tim Berners-Lee.

Fiz questão de recortar uma frase que li sobre os objetivos do ODI em matéria do The Guardian 

“ODI will focus on innovation, commercialisation and the development of web standards to support the Open Data Agenda. It will ensure that Open Data research is transformed into commercial advantage for UK companies, work with academic centres to increase the number of trained personnel with extensive Open Data skills and provide expert advice for government.”

A aproximação universidade empresa, tão desejada, mas difícil de ser conseguida, é um dos efeitos colaterais que a iniciativa de governo aberto britânica deseja. Mas além disso, os ingleses estão vendo que isso pode ser diferencial competitivo para as empresas de lá.

Quando trouxemos Stefan Decker, director do DERI (Digital Enterprise Research Institute) da Irlanda aqui em Fortaleza, em iniciativa patrocinada pela FUNCAP, com especial  entusiasmo de seu então presidente Tarcísio Pequeno, vislumbramos implantar algo aqui com essa mesma dimensão aqui. A incompreensão que alguns demonstraram espero que seja dissipada para que ideias como essa façam parte dos principais objetivos daqueles que querem promover o desenvolvimento da área de Tecnologia da Informação no Estado. 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A Privacidade no Virtual: Problema para Pais e Filhos

Nesses últimos dias tenho sentido na pele as dificuldades que passam os pais de adolescentes quando se trata de discutir a postura dos jovens na Internet. E olhe que posso me dizer escolado no assunto (pelo menos pelo ponto de vista técnico!), o que deveria me dar mais espaço para argumentação e capacidade de compreensão das diferentes dimensões que envolvem a questão.

Deixem-me dar um exemplo para tornar minha reflexão um pouco mais clara. Quem de nós (de idade mais avançada) não era mais contido quando falávamos com os amigos na frente de nossos pais? Tínhamos sempre um pouco mais de cuidado ao falar em público (para não dizer palavrões, por exemplo) do que quando estávamos somente com nossos colegas. Na verdade, essa atitude é muito natural e ainda agimos assim. Nosso comportamento privado, dentro de uma rede social de amigos, é sempre muito mais livre do que em ambientes menos íntimos. A decisão de como se portar era  relativamente simples de ser feita. Estava fortemente relacionada ao local físico e a presença física. Ou seja, na roda com os amigos o comportamento é um,  já nos meios mais formais,  o comportamento é outro sempre mais contido.

Ocorre que o mundo atual digital expandiu os horizontes de interação e tornou essa escolha de postura muito mais difícil de ser feita. No mundo atual, tudo se digitaliza e por isso ganha a capacidade de estar em qualquer lugar instantaneamente. Mesmo uma reunião presencial pode ser rapidamente difundida. Pode-se, por exemplo, estar reunido em uma mesa de bar e ser filmado e “transmitido” para qualquer lugar do mundo com a facilidade que smartphones conectados na internet e com suas câmeras de vídeo de alta resolução permitem.

E isso não para por aí. Depois de digitalizado, fica-se registrado. Ou seja, não dá para esquecer o que disse. A reprodutibilidade é outra característica marcante do mundo digital. Pode até ser que sua imagem e mensagem não seja imediatamente transmitida, mas ela estará registrada em algum lugar e poderão acha-la (com a ajuda do Google, claro) em outro momento.

De uma forma geral, o que quero atentar é que os contextos privados estão cada menos reservados. As redes sociais virtuais, então, são mestres em nos ludibriar sobre que contexto estamos. Quando conversamos pelo Facebook ou Orkut, por exemplo, temos a tendência a achar que é o mesmo contexto da nossa mesa de bar ou mesmo uma mera reunião com amigos. Não é bem assim. Por mais que queiramos ou tentemos, impossível ter o controle sobre a difusão da informação digitalizada.

Em se tratando de adolescência, os perigos pela não percepção exata de que contexto se está inserido são ainda maiores. Jovens são mais despojados e expõem-se mais abertamente, o que pode ter consequências muito desagradáveis. Não é a toa que as redes sociais não podem ser acessadas pelas crianças (o que aliás, se desmoraliza cada vez mais aqui no Brasil).

Mas afinal, o que fazer? Não tenho a prepotência de dizer que tenho soluções para a questão. Na verdade, tento, eu também, aprender como agir. De uma forma geral, creio que só uma velha máxima é que vale aqui: os pais devem acompanhar seus filhos. Acompanhar aqui significa participar também dos contextos virtuais nos quais eles se inserem. Segui-los no Twitter, tê-los como amigo nas redes sociais, etc são o mínimo(ou talvez o máximo) que nós pais podemos fazer. 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A Paixão do Futebol!

Com o Torcida Virtual acabei vivendo e sentindo mais o futebol. O depoimento dos torcedores no mural de cada torcida é algo sensacional. Um objeto de estudo de qualquer um que queira compreender como movem-se as massas. Antes das grandes finais de ontem, que tiveram o desfecho que todos sabem, acompanhei alguns depoimentos de vascaínos, corinthianos e flamenguistas.

Eles refletiam o sentimento, as angústias e a esperança das torcidas. Por incrível que pareça, os corintianos, embora fossem os que mais estivessem próximos do título, declaravam sua apreensão de formas diversas. Vejam esse depoimento abaixo. Relativizava até a vitória. Afinal o Corinthians está acima de tudo.

CORINTHIANO gosta do Corinthians e pronto! Quem gosta de título é cartório. Quem gosta de Vitória é capixaba. Quem se preocupa com Gol é a Volkswagen. Quem se preocupa com o craque.. é noia . Quem se importa com divisão é matemático.... Viva a torcida mais apaixonada do mundo! Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias de nossas vidas. Quem é corinthiano curte e cola no mural e quem não é, SENTA E CHORA!

Os vascaínos de tão otimistas com a temporada, relatavam seu amor.

Vasco é paixão. Vasco é amor. Só quem é vascaíno sabe o o que é isso. Vasco mania tô contigo e não abro. Nada nos abala e um amor eterno a camisa a nossa nação vascaína.

No mesmo tom os flamenguistas declaravam-se apaixonados.

Serei Flamengo mesmo que a bola não entre, mesmo que o estádio se cale, mesmo que o manto sagrado desbote, mesmo que a vitória esteja longe. Serei Flamengo, seja longa a jornada, seja dura a caminhada, Flamengo no peito e na alma, no grito e nas palmas, serei Flamengo até morrer!

Essas e outras declarações só nos confirma o sentimento de que a paixão pelo time do coração está acima de vitórias ou derrotas. É o orgulho de fazer parte de uma comunidade, de uma grande nação.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Nova Versão do Torcida Virtual está no ar !!

O Torcida Virtual, aplicativo que congrega torcedores dos times de futebol no País e permite visualizá-los em um mapa digital, está com novas funcionalidades. Mais de 80.000 torcedores já se cadastraram o que permite uma visão muito interessante de onde estão os torcedores nas mais diversas regiões do Brasil.
Na nova versão que foi ao ar recentemente, os torcedores agora podem dizer o que acham da fase do seu time de coração. Isto permite identificar o sentimento da torcida para um certo momento do time. Veja abaixo a nova interface do Torcida Virtual com essa informação. 



As inovações não se resumem a isso. Os torcedores agora participam de um ranking que permite classificar os líderes da torcida. Os pontos são obtidos com ações realizadas dentro do site como convidar amigos, publicar vídeos, participar de debates e outras mais. As pontuações levam também os torcedores a ganhar títulos e assim ter uma galeria própria bem descolada. Veja um exemplo abaixo. Venha conhecer mais sobre a rede social de torcedores mais inovadora da Web. 



quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Capacidade de Indignação

A capacidade de se indignar e de se manter indignado é fundamental para a saúde de uma sociedade. Mas isso não é nada fácil. Faz parte da natureza humana, a racionalização, pois nos libera das tristezas causadas pelas “coisas que (pensamos) não podemos mudar” ou somente porque queremos esquecê-las. Creio que racionalização é especialmente importante para nós brasileiros que temos a felicidade como valor tão fundamental.

O exemplo mais marcante de indignação que vivenciei aconteceu logo depois de minha volta dos EUA quando lá residi por mais de um ano. Fomos, minhas filhas e eu, de carro a uma farmácia e ao sair de lá, formos abordados por uma jovem mulher que tinha uma criança chorando no colo. Ela me pedia dinheiro para comprar um remédio enquanto mostrava-me a filhinha doente. Ao sair do local, percebi que minha filha (de 17 anos então) chorava muito.

Ao perguntar-lhe o que tinha acontecido, só escutei como resposta “não é justo, não é justo”. Aquilo me chocou tanto que nem me lembro muito dos argumentos que encontrei para racionalizar tudo. Só me lembro que foi exatamente o que tentei fazer. Nunca me esquecerei de sua indignação sincera e pura. Não estava acostumada com aquele contexto e indignava-se com o que via. Não creio que isso ainda ocorra hoje em dia, quatro anos depois. Provavelmente aprendeu a racionalizar, mas me marcou.

É uma estória que sempre me vem a mente quando vejo as crianças dormindo ao relento nas cidades brasileiras. Lembro-me ainda do marcante monumento ao holocausto bem no coração de Berlim. São pedras enormes como túmulos que são dispostas em uma enorme área. Ao todo, perfazem 90 mil metros quadrados com 2711 lápides de concreto cinza. Um projeto de 27 milhões de euros. Só para não deixar a sociedade esquecer e lembrar que é preciso se indignar.  Temos a difícil tarefa de alimentar nossa indignação.


* Artigo escrito na coluna Opinião do Jornal O Povo em 29/11/2011

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Titanzinho é Aqui

Semana passada fui a Brasília fazer uma palestra na Conferencia de Desenvolvimento (CODE)  na trilha em que se discutiu a Economia Criativa. Uma viagem marcada pelos imprevistos que nem valem ser relembrados.

O mais importante foi a oportunidade de expor sobre o projeto financiado pela FUNCAP à UFC e comunidade do Serviluz para o Titanzinho. Só tinha informações superficiais sobre o projeto, mas como tinha que apresenta-lo fui obrigado a pesquisar mais sobre ele.

Me encantei. A ideia é agregar valor às atividades realizadas por membros da comunidade que vivem em torno do surf. O projeto prevê formação profissional e a criação de uma fábrica de pranchas de surf e de moda surfwear.

Acabei conhecendo também um vídeo feito pela Regina Cazé na série Minha Periferia no Fantástico que descreve bem o contexto do Titanzinho (veja o vídeo aqui). Fiquei admirado com a determinação de João Carlos “Fera”, um homem determinado que abraçou a causa da educação e da prática do esporte como forma de ocupação da juventude e resgate da cidadania. 

Conheçam um pouco mais sobre o projeto no vídeo abaixo. Espero que sintam-se como eu, orgulhoso de ter essa riqueza de cultura, gente boa e vitoriosa. Por mais carentes que as comunidades forem, há muito que os governos podem fazer com pouco. Basta somente potencializar os dons e virtudes das comunidades. Não há estaleiro que pague.

domingo, 27 de novembro de 2011

Deveras Lisonjeado!

Acostumamo-nos a criticar os políticos. Eles bem que fazem por onde! Mas nunca podemos esquecer o quão importante são as instituições que representam a democracia. E parece mesmo que não o fazemos.

Percebi isso quando, semana passada, recebi uma carta da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (veja-a abaixo) me congratulando por um artigo escrito no jornal O Povo intitulado Impunidade e Imunidade (veja o artigo aqui. Confesso que fiquei muito lisonjeado. Um agradável sentimento de estar contribuindo com a sociedade. E contribuindo com aquilo que me é tão singular: minha humilde opinião.

Fiquei ainda mais contente quando soube que a iniciativa havia partido do Deputado Heitor Ferrer, alguém que tenho admiração e respeito pela forma como trata seus mandatos (e em consequência seus eleitores). 

Não posso deixar de registrar a reação de uma de minhas filhas ao saber da homenagem. Perguntou, “a troco de quê?”. Disse-lhe que nada tenho a dar-lhes  em troca, mas só o fato de terem lido o que escrevi, quer concordem ou não, já me parece muito valioso. O assunto é por demais importante e eles, nossos representantes, não podem se omitir.

Desde quando decidi escrever esse blog e depois em outros fóruns que convidam para que exponha minhas crônicas, vesti a carapuça de que tinha um papel a exercer nessa sociedade. Nada me foi imposto, nem pedido. Arco com os bônus e ônus (que são em maioria). Hoje regozijo-me com um pouco do bônus. Obrigado Excelentíssimos.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

A Cultura da Transparência: Safety Alert

Quando estive em Troy, NY recentemente, chamou-me atenção ao chegar no prédio do laboratório que fui visitar no Rensselaer Polytechnic Institute um cartaz pregado na porta. Parecia um aviso, mas tratava-se mesmo de um alerta, um safety alert. Era um alerta de que dias atrás havia acontecido um roubo nas redondezas do prédio.

Havia uma descrição detalhada do que ocorrera com inclusive as características dos autores que aparentemente portavam alguma arma. Pedia-se, além de cuidado, que se alguém soubesse algo sobre os suspeitos informasse ao setor de segurança da Universidade. Vejam abaixo a foto que tirei do cartaz.

Vejam bem, trata-se de uma universidade privada. Creio que aqui no Brasil o mais comum seria querer encobrir o que aconteceu, não? Mas a percepção de que as pessoas têm o direito de saber o que aconteceu para protegerem-se e ainda de que são as pessoas que podem ajudar a resolver o problema é o que prevalece. Ainda temos um longo caminho a percorrer.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Simpósio Brasileiro de Sistemas de Informações

Sinto-me deveras honrado por ter recebido o convite dos organizadores do VIII Simpósio Brasileiro de Sistemas de Informação para ser um dos dois palestrantes convidados. A temática do Simpósio é a de Cidades Inteligentes. Segue o resumo do que pretendo apresentar e que intitulei de "Cidades inteligentes e Participação Cidadã". Maiores informações sobre o simpósio, inclusive sobre a outra palestra convidada que será ministrada por Jurij Paraszczack pesquisador da IBM nos EUA e diretor do programa de cidades inteligentes da empresa podem ser encontradas aqui.


A Web social e a computação móvel moldam novas formas de comunicação entre as pessoas e abre igualmente espaço para o aparecimento de novas modalidades de participação popular. Paralelamente a este contexto, o clamor popular por publicidade e transparência vem induzindo os governos à abertura de seus dados. A sinergia entre esses dois fatores é determinante para o aparecimento de sistemas de informações ubíquos que realizam acesso imediato à informações determinantes para o cotidiano dos cidadãos e permitem a interação extemporânea entre os cidadãos e governos.

O desenvolvimento de sistemas de informações dentro desse contexto, se por um lado requer expertise sobre as novas tecnologias que surgem, por outro lado, em função do grande volume de dados a disposição, é desejável que possa ser feito inclusive pelos próprios usuários. Torna-se assim, cada vez mais relevante a criação de ferramentas para o fácil desenvolvimento, pelo próprio cidadão de aplicações que fomentem a participação.

Em minha apresentação detalharei os meandros desse contexto e os desafios que ele impõe no tocante ao desenvolvimento de sistemas de informações. Em particular, discorrerei sobre como o processo de participação popular pode ocorrer através de mapas colaborativos e do uso destes em smartphones. Mapas colaborativos são aplicações que envolvem o conceito de participação, interação e localização geográfica. Exemplos na área de segurança pública, poluição sonora e limpeza urbana serão dados.


terça-feira, 15 de novembro de 2011

RPI: O Instituto de Van Rensselaer

Semana passada em uma missão a trabalho, em que prospectei possibilidades de parcerias com o Estado, tive a feliz oportunidade de conhecer o RPI (Rensselaer Polytechnic Institute). Mais especificamente fui ao Tetherless World Constellation (TWC), um dos laboratórios de pesquisa em Web Semântica mais reconhecidos dos EUA.

O RPI é a mais antiga instituição de nível superior de língua inglesa. Isso mesmo, é mais antiga do que as universidades inglesas. Localiza-se na cidade de Troy no Estado de New York e está a cerca de 3 horas de carro de Manhathan. Foi ofertada à sociedade americana pelo riquíssimo holandês Stephen Rensselaer, um dos dez homens mais ricos dos EUA naquela época.

O campus hoje é lindíssimo. Uma deslumbrante mistura de arquitetura clássica e moderna. Disseram-me que o RPI durante muito tempo foi a universidade mais conceituada do leste dos EUA. Troy era muito rica, pois situava-se no centro das rotas comerciais fluviais que existiam no rio Hudson. No entanto, a força do RPI estava no ensino. Outras universidades como o MIT perceberam logo que a reputação de instituições acadêmicas seria muito mais baseada na pesquisa do no ensino. RPI perdeu um pouco de terreno, mas continua sendo muito reputado. Está entre as cinquenta melhores em rankings diversos.

Minhas reuniões ocorreram no TWC onde fui recebido pelos professores Deborah McGuinnes e Jim Hendler.  Dentre as pesquisas que eles desenvolvem na área de web semântica, o desenvolvimento de ferramentas para apoiar a publicação de dados abertos governamentais tem particular relevância. Dentre as iniciativas, não deixe de dar uma olhada no catalogo internacional de banco de dados governamentais abertos aqui.
Nesse projeto você pode buscar onde estão bancos de dados sobre um certo assunto. Só encontrei dois arquivos vindos do Brasil. A área de saúde como sempre tem uma cultura de prevenção muito mais desenvolvida. Um dos arquivos é sobre estatísticas de mortalidade e nascidos vivos. Veja mais aqui  

Um detalhe importantíssimo é que esse tipo de busca nem o Google consegue responder a contento! Isso é, no entanto, assunto para um próximo texto. Fiquem com algumas fotos do RPI no outono.





Prédio do TWC



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Governo Aberto nos EUA e Além

Minha ida aos EUA na semana passada foi dividida em duas etapas. A primeira foi a apresentação de um artigo científico escrito com Júlio e Henrique sobre dados abertos no contexto da Segurança Pública. A outra refere-se a minha visita ao RPI (Ressenlaer Polytechnic Institute) em New York. Vou escrever sobre as duas atividades em dois textos separados.


O AAAI Workshop Open Government Knowledge - OGK (Conhecimento e Governo Aberto) aconteceu em Arlington, arredores de Washington, D.C e reuniu pesquisadores de vários países para discutir métodos e técnicas em computação, mais especificamente na área de Inteligência Artificial, e suas aplicações em governo aberto. A programação completa e os slides dos apresentadores podem ser encontrados aqui


Além das discussões e apresentações técnicas gostei bastante das palestras de convidados. Em particular, Jeanne Holm a coordenadora do site http://data.gov e Abdul Shaikh do http://health.data.gov detalharam as iniciativas do governo americano, as estratégias usadas para fomentar a participação e os desafios que ainda existem.


Minha percepção é de que o programa já é um absoluto sucesso embora ainda exista muito a ser feito. Já são mais de 400.000 arquivos disponibilizados no site. Isso é muito, mas Jeanne Holm fez algumas estimativas de que isso é só cerca de 5% do total. O ponto mais relevante que identifiquei é a decisão de vincular o programa ao conceito de inovação. Os americanos sabem mais do que qualquer um no mundo que as finanças são fator motivacional importante. Vou elaborar um pouco mais sobre onde os conceitos de governo aberto e inovação se aproximam. Por enquanto, quero somente enfatizar que dados abertos pelos governos podem ser fatores indutores de projetos inovadores.


É exatamente esse o fato que o governo americano tem explorado na área de saúde. Vários projetos são construídos a partir de competições onde o governo chama a população para explorar os dados governamentais abertos. Vários exemplos de como isto está sendo feito podem ser encontrados aqui.


Depoimentos de representantes de outros países foram raros, mas tive oportunidade de conhecer uma iniciativa brasileira que começa a nascer. Apresentei no Workshop uma proposta para padronizar a abertura de dados criminais na Web. Essa proposta será apresentada no Rio de Janeiro essa semana na conferência da Web patrocinada pela W3C no Brasil. Veja mais aqui. Em breve falo mais sobre o tema.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

“This Country has a lot of problems”

Essa frase reproduzida no título deste post é dita nas TVs americanas a todo momento pelas pessoas que discutem a situação econômica e política dos EUA. Eleições chegando, esse tipo de discussão só aumenta. Ela demonstra bem o nível de pessimismo dos americanos.

Meu termômetro mais fiel para medir a temperatura da crise é uma ida ao shopping. Fiz isso no sábado à tarde em Arlington (vizinha de Washington, D.C). Impressionante. Não havia ninguém comprando. Promoções e mais promoções, mas pouquíssimos clientes.

Quando no caixa para realizar o pagamento, avistei de longe uma revista com o nome BRAZIL em letras garrafais na capa. Não pude deixar de conferir. Embaixo havia “Now it is the time to invest” (agora é o tempo de investir). Tirei inclusive uma foto. Vejam abaixo. Isto é que se chama “Momentum”. Não podemos perder a oportunidade.


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ruth’s me Segue?


Fiquei impressionado com o que me aconteceu ontem. Assim que cheguei em Washington, DC, acessei a Internet do hotel em que estou hospedado. Por coincidência, chega-me um email fazendo propaganda do restaurante Ruth’s Chris. Detalhe: não me lembro de receber esses e-mails, nem de fazer parte de uma mala direta desse restaurante. 

O Ruth’s é um excelente e refinado restaurante que frequento sempre que vou a um lugar onde ele existe. Nos EUA, ele não está presente em todas as grandes cidades. Ou seja, a propaganda até que é útil para um cliente como eu que gosta do restaurante, mas o que me incomodou sobremaneira é a dúvida sobre como o Ruth’s soube que eu estava em Washington. 

O restaurante parece ter conseguido acesso a alguma base em que coloquei minha localização. Qual? Seria a do Google, da Apple, do Hotel, da companhia aérea? Não sei e não acredito que consiga descobrir facilmente. Só espero que não seja o banco de dados da imigração americana J Dias difíceis para a privacidade dos internautas, não?

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Impunidade e imunidade

A sensação de impunidade permeia nossa sociedade. Esse sentimento difundido parece que tira nossa  capacidade de uma análise racional sobre causas e soluções. Por exemplo, todas as vezes em que se cogita estabelecer penas alternativas e mais brandas para casos de menor poder ofensivo escuto clamores de que mais impunidade ocorrerá.  

À primeira vista, a ideia de liberar quem cometeu ilicitudes pode levar-nos  imediatamente a pensar em impunidade. Mas será que isso é mesmo assim tão lógico? Um dos princípios básicos de um sistema coercitivo, em sistemas democráticos pelo menos, é de que a pena por um ilícito deve guardar proporção com o dano causado pelo mesmo.  Esse princípio existe de fato hoje? Não me refiro nem ao arcabouço legal, mas à dura realidade de pessoas (a grande maioria de jovens pobres) que se amontoam em cadeias e que via de regra pagam muito caro pelo que fizeram.

Aqueles que defendem leis mais rigorosas precisam compreender que o grande problema é que nosso sistema hoje já é, de facto, rigoroso. Na verdade, demasiadamente rigoroso e ainda por cima injusto. Ao se tratar da mesma forma aqueles que cometeram delitos de menor poder ofensivo e aqueles mais perigosos, por exemplo, se está alimentando um círculo vicioso da violência. Os agressores vão se “escolando” no crime e também, por saberem que não terão punição muito diferente se forem homicidas ou meros batedores de carteira, tornam-se cada vez mais violentos. 

As deficiências crônicas e históricas do Estado em seu papel socializador e ressocializador acabam por aniquilarmos a esperança de que há solução por outras vias que não exclusivamente a repressão. Políticas e leis que levem o Estado a agir com foco na prevenção e ressocialização são fundamentais, mas para isso ocorra é preciso imunidade à discursos fáceis e contra-produtivos.

* artigo publicado hoje no jornal O Povo, coluna Opinião

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Um WikiCrimes para Chamar de Seu – Bis

Poderia repetir meu texto escrito há pouco tempo sobre como novas iniciativas de fazer como WikiCrimes surgem sem que se perceba que o ideal era somar esforços. Não vou repetir a mesma ladainha. 

Vou somente registrar mais uma iniciativa. Desta vez é um jornal paranaense chamado A Gazeta do Povo. Decidiram criar um mapa de crimes para ser povoado pelos cidadãos. Recebi um telefonema de um repórter do jornal interessado em WikiCimes. Aproveitei para convidá-lo a fazer uma parceria conosco. Pelo visto não fui muito convincente.

Como já disse, não tem problemas. Vamos acompanhar atentamente a iniciativa dos paranaenses. Será que conseguem manter o projeto por muito tempo? Ou vão fazer como o mapa de homicídios do Diário do Nordeste que está inexplicavelmente desatualizado há mais de quatro meses?


terça-feira, 25 de outubro de 2011

Lytro


Lytro, que tomei conhecimento no FB via André Herzog, é mais um desses exemplos de inovações vindas de startups que nascem no Vale do Silício. A tese de doutorado de Ren Ng, em Stanford, permitiu que ele levantasse cerca de U$ 50 milhões para bancar o investimento inicial. Isso mesmo, só o inicial.

Lytro é uma nova forma de fotografar. Com um sistema que consegue capturar as luzes em diferentes direções pode-se ter diferentes focos da foto depois que ela foi tirada. Vejam exemplos abaixo. Você pode interagir com a foto clicando uma vez para mudar o foco e duas vezes para aumentar o zoom.

O Hardware é uma pequena maquineta que mais parece um binóculo (ou melhor, um monóculo). Vejam os preços e mais demos no próprio site. Isso vai revolucionar a forma de se tirar fotos e de explorá-las? Não sei. Há ainda muitas questões para serem  respondidas. Em particular, não se sabe como os usuários vão reagir ao fato de que, embora tenham o hardware, ficarão dependendo do software da Lytro que é o capaz de explorar a imagem capturada. 

No entanto, essa inovação serve para nos indicar que as fotografias estáticas parecem ter chegado ao seu limite. Embora as fotos tenha ficado digitais há alguns anos, elas continuam muito rígidas como se fossem sempre ser impressas, coisa que será cada vez menos usual. Um novo campo de pesquisa chamado fotografia computacional visa avançar nessa nova direção.