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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia

Já tinha mencionado em textos anteriores o quanto a ciência brasileira está a receber investimentos nesses últimos anos. A diferença do tempo em que voltei de meu doutorado em 1997, há dez anos atrás, é estupenda. Na época, não tinha recursos para fazer nada. A única fonte de financiamento era o CNPq que possuía verbas reduzidíssimas que só chegavam a um pequeno grupo de pesquisadores mais experientes. A situação hoje em dia é tão diferente que não me canso de, nas minhas palestras a alunos, incentivá-los a fazer pesquisa. Falta gente! É preciso quebrar um paradigma, ainda disseminado na sociedade em geral, de que não temos, nós brasileiros, condições de estrutura, material e financiamento para realizar ciência de alto nível. O mais recente edital lançado pelo CNPq distribuiu mais de R$ 600 milhões a grupos de pesquisa de excelência no País para criação de Institutos de C&T. Esses Institutos (percebam que, embora com esse nome, não se trata obrigatoriamente de um prédio) são redes regionais ou nacionais de cientistas com o objetivo de estudar um tema específico. O objetivo é financiar continuamente grupos de pesquisa de alto nível. O Estado do Ceará foi contemplado com três Institutos, todos na UFC, nos seguintes temas: Biomedicina do Semi-árido, coordenado pelo professor Aldo Ângelo Moreira Lima, Transferência de Materiais Continente-oceano, coordenado pelo professor Luiz Drude de Lacerda e Salinidade, coordenado pelo professor José Tarquínio Prisco. O edital recebeu 261 propostas, das quais 61% vieram da região Sudeste. Dos recursos disponíveis, serão destinados 35% para os projetos dos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, 15% para o Sul e 50% para os do Sudeste. Trata-se de um processo competitivo e a submissão de propostas só podia ser feita por pesquisadores nível 1A ou 1B do CNPq (ou equivalente!?). Não sei qual critério o CNPq usa para definir o que pode ser equivalente a um pesquisador 1A ou 1B. Requer pelo menos, como especificado no Edital, capacidade para liderar projetos complexos e com vários participantes, e liderança demonstrada por publicações de impacto em revistas científicas, patentes nacionais ou internacionais, e expressivo resultado em orientação de dissertações ou teses e supervisão de pós-doutores. Para se ter uma idéia do quão difícil é submeter o pedido do Instituto, não há no Estado do Ceará, nenhum pesquisador 1A ou 1B, por exemplo, em Computação. Aliás, chamou-me atenção o fato que o Estado de São Paulo teve 35 Institutos contemplados, mas nenhum em Computação. Projetos em Computação com coordenadores da UFRJ, UFMG e UFPE foram os únicos contemplados.

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