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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Cearês , Cultura e Turismo

Bem divertido o dicionário de Cearês(acesse-o aqui). Ele elenca uma centena de palavras que fazem parte do vocabulário do povo cearense e que são um deleite de se serem exploradas. Encontrar expressões como “rebolar no mato” (jogar fora) fazem rir, mas servem, por exemplo, a nos mostrar a pouquíssima preocupação ecológica que certamente não fez parte de nossas últimas gerações (e que ainda não faz!). O mato era o lixo! Só senti falta de um estudo mais elaborado que buscasse as raízes de cada palavra. Termos como baitola e espiricute são derivações do inglês, por exemplo, têm explicações. Baitola surgiu na época da segunda grande guerra quando americanos coordenavam a construção de estradas de ferro que deviam ser construídas com especial cuidado quanto à “bitola” das mesmas. Pelo sentido que a palavra tomou por aqui, dá para perceber que os cearenses não gostavam muito do jeito desses coordenadores, né? Espiricute é outra variação que refere-se ainda hoje a garotas ou garotos danados, mas não no sentido pejorativos. Vem de ”she is pretty cult” (algo como, ela é muito bonitinha!). Mesmo sem possuir esse estudo etimológico, a iniciativa é genial. Felizmente, percebo que gradativamente vamos, nós brasileiros e, cearenses em particular, perdendo o complexo de inferioridade que nos acompanhou muito por muito tempo e que nos fez ter vergonha de nossa cultura. Está cada vez mais claro que temos uma cultura própria, rica e que merece ser divulgada. Não há que comparar ou avaliar se é boa ou ruim. Ela é fruto de nossa história, reflete nossas raízes e auxilia a compreender nossos hábitos e comportamento. As diferenças culturais são a grande riqueza que vem sendo explorada por diversos povos, principalmente em benefício do turismo. Quem viaja, principalmente quando se fala de turismo internacional, está disposto, digo mais, está ávido para conhecer culturas diferentes das suas. É isso que os entusiasma. É claro que nossas belezas naturais e nosso clima ameno são fatores essenciais para atrair turistas. Mas isso só não basta. Há muita beleza natural em várias partes do mundo. O diferencial nessa competição de atratividade é a cultura. Vejam que minha definição de cultura é ampla. Não se resume a museus ou visitas a pontos históricos. Envolve as relações pessoais, a linguagem, a forma de se comunicar de expor os sentimentos, de sorrir, enfim de se dar. E nesse ponto, desculpem os compatriotas, o Ceará é imbatível. Nossa cultura acomoda naturalmente um sentimento de serventia, o prazer de receber e de fazer rir. Não é a toa que há uma proliferação de humoristas e shows de humor na cidade. Um povo que brinca com a própria dificuldade. Chega de leriado, arre égua, feliz festas!

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