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segunda-feira, 17 de março de 2008

Nunca na História Desse País ...

Certamente essa frase ficará para a história. Vou usá-la para dar o tom de como vi a apresentação do ministro da Ciência e Tecnologia (C&T) Sergio Resende em Fortaleza na semana passada. Primeiramente, sua disposição é digna de elogios, pois ao final de um dia cansativo de agenda ele não tinha a menor obrigação de realizar uma palestra para os convidados que foram presenciar a assinatura de dois convênios que o governo federal estava estabelecendo com o governo do Estado. Um mero discurso protocolar, ou até de improviso, teriam sido de bom tamanho e compreendido por todos. Mas não, ele decidiu fazer uma palestra para descrever os macros objetivos e ações do plano que desenvolveu para sua pasta até 2010 (acho que o hábito da docência lhe deixa confortável nessa circunstância). É muito reconfortante ver um homem público com completo domínio dos projetos que coordena, o que é mais comum quando os mesmos não são meros políticos alçados à condição de executivos. Já conhecia o plano de C&T do Governo Federal e não vi novidades no que foi exposto pelo Ministro, no entanto, a forma como ele expôs a história, o presente e o futuro do tema, trazem ilustrações iluminadas. Para começar ele se absteve de um discurso de salvador da pátria. Limitou-se a expor gráficos e dados sobre a situação da área, o que permite a cada um tirar suas conclusões sobre a questão. Os gráficos do investimento financeiro em C&T desde a década de 70 é interessantíssimo. Em pleno regime militar o orçamento de C&T chegou à níveis altíssimos, só atingidos recentemente. O gráfico mostra ainda, ressaltado pelo comentário do ministro, que o grande divisor de águas do investimento em ciência no Brasil veio com a criação e regulamentação dos fundos setoriais em 1998. De lá para cá o investimento em C&T não parou de crescer, pois a infraestrutura para tal estava criada e os governos sucessores tiveram a sensibilidade de continuar o investimento. Já escrevi o que penso sobre a questão da continuidade na política(veja aqui ) e nos governos e de como temos a obrigação de compreender que só conseguiremos crescer sustentavelmente, se cada governo colocar um tijolo a mais nas obras em andamento. Infelizmente, ainda é comum a prática de retirar os tijolos colocados por outros. Já escrevi igualmente sobre como o sucesso do governo Lula está intimamente ligado a continuidade de políticas tanto econômicas como sociais (veja o texto aqui). E digo isso sem nenhum viés pejorativo, nem para dizer que A é melhor do que B ou qualquer coisa similar. Só uma constatação de que a frase do título deste texto tem muito mais valor se ela for assim: “Nunca na história desse país se tem continuado tanto os bons projetos que estavam em andamento”. Ganhamos todos nós. A atual política atual de C&T é outro bom exemplo disso e não tira o mérito do atual governo por ter colocado mais um tijolo na obra. Aliás, se o plano de se chegar a 1,5% do PIB em 2010 for concretizado(o que significa 50% de incremento dos níveis atuais), o governo poderá se vangloriar certamente de ter posto não só um tijolo a mais nessa construção, mas de uma grande placa de concreto.

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