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quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Tecnologia e Hábito de Leitura

Mês passado a FUNCAP foi convidada pela Secretaria de Cultura para propor uma nova visão, com forte viés tecnológico, para a Biblioteca Pública Estadual Menezes Pimentel em Fortaleza. Esta demanda se insere no conjunto de atividades estabelecidas no plano estadual para leitura de livros (PELL). Fui indicado para iniciar um estudo com esse fim e estive na abertura de um workshop de planejamento das ações do PELL. Minha primeira sugestão, que logo percebi que era convergente com o PELL, era de que repensássemos o conceito de bibliotecas públicas. Porque as pessoas não as visitam? Como deve ser uma biblioteca nessa era digital? Como torná-la catalisadora e potencializadora da ação de ler (e mesmo da ação de escrever)? Tais perguntas, me parecem, que não comportam respostas simples. Envolvem diversas áreas e diversos aspectos culturais que precisam ser compreendidos e trabalhados. Novamente, me defronto com um projeto que não é só de tecnologia. Um projeto sobre como a tecnologia pode mudar (ou adequar-se a) o comportamento das pessoas, em especial, um que me agrada sobremaneira: o hábito da leitura. Do primeiro momento que comecei a pensar sobre a questão até hoje, algumas idéias estruturantes começaram a brotar. A primeira idéia é aproximar a biblioteca do leitor através de meios digitais. O portal da biblioteca deve ser dinâmico, mudar a postura passiva de leitor de recorrer à mesma só para consultar obras literárias. Mudar o paradigma de repositório de livros. Há de se criar um espaço interativo, de preferência em consonância como softwares de redes sociais. Desta forma, pode-se potencializar a troca de comentários e sugestões, criação de grupos de leitura, além de fomentar um sistema em que comentários sobre obras lidas sejam compartilhados. Inovações devem estar presentes. Talvez uma sala de leitura coletiva onde um grande livro estaria projetado em uma parede e as pessoas o leriam coletivamente (!?). A consulta de livros pela Internet deve ser a mais lúdica possível. As capas e contracapas, sumários, críticas e mesmo algumas páginas da obra devem ser digitalizadas para que o leitor “virtual” possa conhecer mais sobre a obra que deseja ler. Um sistema de recomendação de obras que “casam” com o estilo do leitor também é outra idéia a ser implantada. Algo bem no estilo Amazon. As livrarias avançaram muito nessa direção. Creio que as bibliotecas precisam fazer o mesmo. Estou buscando parcerias para a realização deste trabalho a ETICE (Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará) e a IBM já se apresentaram. Recebi uma indicação muito interessante da IBM, sobre um relatório feito na Inglaterra que analisa o hábito de leitura da geração Google encomendado pela British Library (Blioblioteca Nacional Britânica). A geração Google é aquela que nasceu depois de 1993. Esse texto abaixo extraído da Wikipédia diz tudo sobre esse conceito: "Most students entering our colleges and universities today are younger than the microcomputer, are more comfortable working on a keyboard than writing in a spiral notebook, and are happier reading from a computer screen than from paper in hand. Constant connectivity – being in touch with friends and family at any time and from any place – is of utmost importance." Em resumo, o texto define a geração Google como sendo aquela com mais familiaridade com a Internet e com a leitura de textos no monitor do que com um caderno e que esta conectada com amigos e familiares em qualquer lugar e a qualquer momento pela Internet. O relatório é denso e merece várias análises, mas é muito interessante saber que os jovens com acesso a internet lêem mais dos que os que não têm esse acesso. Contraria uma certa idéia preconcebida de que a geração digital troca o livro pelo computador. Acho que com medidas criativas pode-se, na verdade, potencializar as ações de leitura. O trabalho está só começando e estamos abertos a novas idéias. Que promete, promete.

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