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quarta-feira, 18 de julho de 2007

A Ciência das Redes Explica Porque o Mundo é Pequeno

Um dos livros sugeridos na coluna ao lado, chamado Linked, discorre sobre um dos temas mais fascinantes que tenho estudado recentemente e que alguns pesquisadores têm batizado de ciência das redes. Trata-se de um tema multidisciplinar em que físicos, biólogos, economistas, cientistas de computação e psicólogos dentre outros têm se debruçado. A idéia básica por trás destes estudos refere-se ao fato de que redes tanto naturais (por exemplo, rede de células) como artificiais (como redes de relacionamento entre pessoas) possuem uma forma (dita topologia) padrão. Isso faz como que as mesmas compartilhem várias propriedades dentre as quais o fato de possuírem um diâmetro pequeno (que significa que a distância média entre quaisquer dois pontos da rede não é longa). Outra propriedade importante dessas redes é o fato de possuírem pontos concentradores (hubs) que são largamente conectados. O primeiro a perceber isso foi um psicólogo americano chamado Stanley Milgram que realizou o seguinte experimento. Ele enviou aleatoriamente cartas a diversas residências da cidade de Omaha (no Estado de Nebraska) solicitando que as pessoas as repassassem diretamente a um destinatário em Boston (Estado de Massachussets). Caso a pessoa não conhecesse diretamente o destinatário, ela deveria repassar a carta para alguém com maior probabilidade de fazê-lo. O objetivo de Milgram era saber em quantos passos as cartas chegariam ao destino. Ao final do experimento ele concluiu que em média a carta viajava seis conexões até o destino. Ele assim abriu o campo de pesquisa para se entender as redes Small World (mundo pequeno) que foram como elas passaram a ser conhecidas. A partir de então vários estudos foram sendo feitos com o objetivo de verificar se algumas redes compartilhavam as mesmas propriedades de uma rede Small World. Pesquisas em diferentes domínios foram mostrando que redes tipo small world são mais freqüentes do que se poderia imaginar e que elas estão presentes em contextos naturais como artificiais. A rede de aeroportos mundiais, por exemplo, segue a topologia Small World, pois se pode chegar de qualquer parte do planeta a outro lugar com menos de seis conexões. Na área de saúde, por exemplo, ele permite compreender a velocidade com que vírus se propagam entre pessoas e com epidemias podem ser evitadas. Permite igualmente compreender a estrutura do DNA e de proteínas que parecem se estruturar seguindo a mesma forma. Na UNIFOR estou estudando essas redes em dois contextos diferentes. Estamos verificando como elas podem ajudar a realizar explicações de relacionamentos entre pessoas na web 3.0 e como elas podem ser importantes no contexto das simulações criminais a partir da compreensão de redes de criminosos. Em breve discorrerei mais sobre esses temas.

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