Siga-me no Twitter em @vascofurtado

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Grande Jogada !

É difícil acreditar que em jogos de futebol profissional algo do tipo o que este vídeo mostra possa ocorrer. Que cruel é essa profissão de goleiro, eih? Vejam como eles podem passar por situações inusitadas. Clique na seta para ver o vídeo.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Blogoesfera


Um estudo recente da Technorati sobre os blogs ao redor do mundo (clique aqui para ver o estudo) mostra uma onda em plena expansão e mesmo maturação em boa parte do mundo. Já existem mais de 70 milhões de blogs no mundo. 120 mil blogs são criados por dia. Uma surpresa do estudo é que o idioma com maior número de blogs é o japonês (36%) seguido pelo inglês(35%) e chinês(8%). Somente 2% dos blogs são em português o mesmo valor do francês. Mas a novidade mais surpreendente mesmo é o quanto os blogs começam a ameaçar a mídia tradicional. A Technorati mediu que em 2006 dos 100 sites de mídia e blogs mais populares, os blogs eram 12 entre os cem, mas que agora em 2007 eles já são 22. É a democratização da produção de informação. Aliás, hoje li uma reportagem no Estadão onde Steve Forbes, o editor da revista Forbes, comenta que vê esse contexto com bons olhos e como uma oportunidade para a mídia tradicional (clique aqui para ver a matéria). Ele acredita que os Internautas vão de mais em mais requerer informação confiável e assim os meios de comunicação com marcas valiosas vão lucrar com isso. Pode até ser. Ainda acho que uma aposta mais segura é a de que haverá a redução do poder da mídia tradicional.

Limpeza Urbana e Cultura Cidadã

Quando vamos a países mais desenvolvidos como os Europeus e Norte-americanos uma das primeiras coisas que mais notamos e comentamos é sobre a limpeza das cidades. A limpeza de uma cidade reflete o grau de civilização da sociedade além da qualidade do serviço público que ali é prestado. Todos nós cidadãos sonhamos em viver numa cidade limpa. Fortaleza Bela, por exemplo, implica em Fortaleza limpa. Quando pergunto a alguém porque a cidade é suja, sempre recebo como primeira resposta que o serviço de limpeza é ruim. Tenho procurado em meus textos não enfatizar somente a responsabilidade de governos, não que ache que eles não a tenha, mas acredito que as mudanças podem advir por intermédio de nosso próprio comportamento. É fácil perceber que uma das razões da sujeira de uma cidade vem do fato de que os próprios cidadãos a sujam impiedosamente. Desde aqueles que lançam objetos de seus carros na rua até a mais simples folha de papel que é jogada nas calçadas, todos contribuem indiscriminadamente para gerar sujeira. A solução óbvia é educação, não é mesmo? Mas não acho que devamos pensar que se trata unicamente de uma questão de educação escolar (embora ela também deva existir). É fácil perceber que um mesmo cidadão deseducado de um local, torna-se super educado quando se muda para um local onde as pessoas zelam pela limpeza. Isso decorre de uma inconsciente regulação social visto que, se todos respeitam o local não o sujando, os outros se sentem incomodados de fazê-lo. Por isso, o que vislumbro como processo educativo de comportamento é algo mais prático. Trata-se de criar um sentimento de comprometimento do cidadão com a coisa pública através de um processo de contágio social. O papel dos governos nesse processo, aí sim, é fundamental. Para começar a prefeitura deveria instalar latas de lixo em todo canto da cidade. Juntamente com isso deveria usar de criatividade para educar os cidadãos em pontos em que a sujeira é mais visível. Por exemplo, qualquer sinal de trânsito onde há distribuição de panfletos, há sujeira. As pessoas recebem os panfletos, os lêem (nem sempre!) e jogam na rua. Que ótimo lugar para começar um processo educativo com a instalação de latas de lixo, cartazes educativos, palestras aos distribuidores de panfletos, contratação de artistas tipo malabaristas (que já abundam em cada semáforo) para apontar quando estamos sujando, publicidade televisiva, etc. E nós faríamos o que (alem de não sujar é claro)? Evidentemente que não poderíamos ficar só esperando pelo governo. Colocaríamos uma lixeira pequena a vista na nossa calçada para que qualquer transeunte tivesse a possibilidade de usá-la. Se conseguirmos gerar o efeito contágio, teremos naturalmente uma cidade mais limpa, e, sobretudo, estaríamos nos educando na cultura cidadã.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Web 1.2.3... Descrevendo a Semântica de Termos com Ontologias

Continuando sobre o assunto Web 3.0, queria esclarecer mais um conceito fundamental nesse contexto. Para uma pessoa, é simples olhar uma página na web com a seguinte informação “data de partida: DD/MM/AAAA” e saber que se trata de um campo para entrar uma data de partida de uma viagem ou de um percurso qualquer. Isto ocorre porque os seres humanos ao lerem o termo conseguem compreender o conceito, pois possuem conhecimento sobre as relações que o conceito possui. Um programa de computador não consegue fazer isso tão facilmente. Por isso diz-se que se precisa definir a semântica dos termos que estão nas páginas para que os programas consigam acessá-los e entendê-los. Essa definição de termos e significados nos remete a um conceito extremamente relevante no contexto da web semântica: o conceito de ontologia. Em computação diz-se de ontologia como sendo uma representação de conceitos em um domínio e dos relacionamentos destes conceitos. A importância das ontologias na web semântica deve-se ao fato de que são elas que permitem a definição da semântica dos termos. São elas que permitem um programa de computador ler a informação de uma página e realizar tarefas mais elaboradas como as mencionadas no texto anterior. Um dos desafios das pesquisas em web semântica é facilitar o desenvolvimento de ontologias pelos internautas ou mesmo criá-las automaticamente a partir das páginas que hoje estão na web. Afinal de contas o sucesso da web 3.0 está ligado à capacidade de se organizar as informações que estão na web, dando-as uma estrutura que possa ser explorada por programas de computador. Difícil de prever é quando a web 3.0 será realidade. O comportamento da web é algo caótico e isso pode acontecer repentinamente. O surgimento de uma aplicação de sucesso (em inglês chamada de killer application) que use os conceitos da web 3.0 pode ser o ponto de inflexão e causar um crescimento exponencial da mesma forma como estamos presenciando com a onda da web 2.0.

sábado, 26 de maio de 2007

Viva Furtado!

Ode a alguém que foi furtado? Não! Não estou falando de Segurança Pública. Hoje é aniversário de Seu Zé Furtado e queria homenageá-lo com um vídeo que achei no YouTube. Embora tenhamos nossas diferenças em se tratando de estilo musical, acho que consegui encontrar algo que aproxima nossos gostos. Feitiço da Vila de Noel Rosa cantado por João Gilberto. Não dá para não gostar desta união de gênios musicais brasileiros. Parabéns!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Web 1.2.3... Onde elas são diferentes?

Podemos olhar para a web em dois momentos distintos, e uma forma de distingui-los é olhando a quantidade de produtores e consumidores de informação. Na web tradicional (ou Web 1.0) há poucos produtores e muitos consumidores. Os principais produtores são pessoas especializadas (web designers), empresas (públicas e privadas) e mídia tradicional. O internauta típico só acessa as informações disponibilizadas por estes produtores. Na web 2.0 a diferença quantitativa entre produtor e consumidor diminui sensivelmente, pois diversas aplicações enfatizam a produção de informação por qualquer internauta. Vem assim a onda de blogs, fotologs, wikis, comunidades on-line, redes sociais, etc. Com esta produção de conteúdo massificada, mecanismos de colaboração como a Wikipédia vieram quase que naturalmente. Outro tipo de aplicação que começa a surgir visa à integração de informações vindas de diferentes fontes (o termo em inglês é mashup). Se for possível definir uma fronteira entre a web 2.0 e uma futura web 3.0 ou web semântica, ela certamente passa pela idéia de realizar programas que façam automaticamente integração de informações. Em qualquer “versão’ da web, ela continua sendo primordialmente explorada pelas pessoas. Por exemplo, se alguém deseja fazer um plano de férias usando a web, um procedimento normal seria consultar páginas de companhias aéreas para visualizar as opções de preço, datas, tempo de vôo, etc. O mesmo deve ter que ser feito no que se refere à acomodação, transporte terrestre e pontos turísticos. Na web semântica, o paradigma seria outro. O internauta acessaria uma página na web que simularia um agente de viagens para determinar seus interesses, preferências e restrições. Por exemplo, o internauta diria “em julho quero fazer uma viagem de 10 dias ao Nordeste brasileiro, de avião, que passe obrigatoriamente em Fortaleza e Canoa Quebrada. Só posso gastar R$ 3.000,00, prefiro pagamento parcelado, viajar durante o dia e, se tiver que alugar carro, prefiro Volkswagen”. Para o agente(o programa) responder a este tipo de demanda ele terá que ir às páginas de companhia aéreas, locadoras de veículos, hotéis e mesmo da secretaria de turismo do Ceará (da mesma forma que faria o internauta se ele fosse fazer isso pessoalmente). Fica claro que para que isso seja possível, há que existir padrões de representação da informação na web, pois senão os programas não seriam capazes de entender o que está nos sites. Este é o primeiro foco de pesquisa da web semântica. Linguagens como RDF e OWL são exemplos destes padrões. Espera-se que com a difusão dos mesmos seja possível fazer programas que “leiam” o conteúdo das paginas, entendam o que nelas estão e assim possam realizar atividades complexas que hoje são realizadas pelas pessoas. O nome web semântica vem do fato que as representações padrão que começam a ser adotadas como nas linguagens supramencionadas visam prover o significado(a semântica) dos termos que estão na página.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Já existe uma web 3.0 ?

Recentemente fui entrevistado pela Folha de São Paulo sobre a Web 3.0 ou Web Semântica (clique aqui para ver a reportagem). Na verdade a matéria que eles estavam produzindo referia-se a Inteligência Artificial (IA). Como a Web Semântica é estudada por pesquisadores em IA, foi uma oportunidade muito interessante de discutir sobre esses conceitos. Vou elaborar um pouco mais essa discussão aqui. Para começar quero deixar claro que os termos web 1.0, web 2.0 e web 3.0 não são muito bem claramente definidos. Acabam por dar a impressão de que se trata de uma evolução como se fosse uma nova web que surgiu ou está surgindo. Vejo muita gente se interrogando: “e existe outra web? Não sabia que uma nova web tinha sido lançada”. Essa confusão de termos ficou maior quando, nem mesmo se começa a falar da web 2.0, já se escuta agora falar da web 3.0. Na verdade, não existem várias webs, nem várias versões dela. Os termos foram e estão sendo criados somente com o intuito de distinguir alguns aspectos que ficaram mais relevantes com o advento de novas utilizações. Há também muito de marketing nisso tudo (aliás a relação da mídia com a ciência merece uma reflexão que farei neste blog em breve). Quando participei do congresso mundial de semântica web na Geórgia nos EUA ano passado percebi que existia na comunidade uma inquietação com o surgimento do termo web 2.0. Percebeu-se que isso ocupou um espaço que os trabalhos de semântica web não conseguiram ocupar. Por esta razão alguns pesquisadores começaram a chamar a web semântica de web 3.0. Alguns o fizeram de forma provocadora, outros apostaram que era uma oportunidade que se criou com a popularidade dos termos web 1.0 e web 2.0. Parece que está oportunidade está sendo bem aproveitada. O New York Times fez algumas reportagens com pesquisadores que cunhavam a web semântica de web 3.0 e o efeito multiplicador começou a acontecer. Trarei minhas definições para esses termos amanhã. Por enquanto, fiquem com a Folha (se forem assinantes :-( )

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Cultura Cidadã: Um Exemplo de Que É Possível Adquiri-la

O ex-prefeito de Bogotá por duas vezes, Antanas Mockus é professor, filósofo e matemático. A ele é creditada a implantação de uma série de medidas de sucesso que levaram a diminuição do número de homicídios dentre outros índices de violência. Eu já tinha assistido a apresentação do Gen. Alberto chefe da polícia nacional colombiana (clique aqui para ver o texto em que comento sua apresentação) em Belo Horizonte durante o Fórum Brasileiro de Segurança. Escutar o prefeito Mockus foi ainda mais interessante, pois me permitiu conhecer os dois lados dos envolvidos na questão. Devo dizer que até hoje não tinha assistido uma apresentação que fosse tão interessante em termos de segurança publica. A razão pelo qual me entusiasmei tanto não é difícil de identificar: comungamos de muitas idéias como comprova muito do que tenho escrito neste blog. O problema da segurança passa acima de tudo por uma mudança de comportamento da sociedade. Não é a toa que seu plano se chamou cultura cidadã. Fiquei extremamente motivado e mesmo emocionado no decorrer de sua apresentação. As medidas que ele tomou são exemplos de que é possível sim provocar a mudança de comportamento social. Sempre que tento convencer alguém que é possível mudar nossa sociedade e que essa mudança depende de nós, sou visto com desconfiança, como sendo um sonhador e para muitos até alienado. Outros acham que a questão da mudança cultural só pode ser feita com investimento em educação tradicional e assim com resultados visiveis só a longo prazo. A política do Prefeito Mockus me servirá sempre de exemplo de que isso não é necessariamente verdade. Na sua apresentação, Mockus explica de forma simples que a forma como vivemos em sociedade implica em cumprir regras informais além da lei formal. Se conseguirmos a convergência dessas duas, estaremos com muito maior possibilidade de termos uma sociedade mais pacífica. As regras informais envolvem o reconhecimento e respeito social. E é ai exatamente o ponto estratégico que se baseia toda sua política. Ele disse claramente que não há polícia no mundo que consiga resolver o problema de uma sociedade que não se respeita. Onde as regras básicas de convivência pacífica e ordeira não são seguidas. Onde as pessoas não se envergonham de agir erradamente, pois o errado é o comum. Vivemos isto no Brasil. Não tem polícia que baste! A partir desse diagnóstico ele decidiu orientar sua gestão para o lado educativo das políticas públicas tendo sempre em mente de que era preciso incentivar a noção de cidadania e criar efeitos multiplicadores que fizessem as pessoas mudar de comportamento. A criatividade deu o tom de sua gestão. Um dos projetos que mais gostei foi o do cartão cidadão que foi distribuído aos habitantes da cidade. Era um cartão que tinha um lado com polegar levantado (sinal de positivo) e outro lado era vermelho com o polegar para baixo (sinal negativo). A idéia foi fazer a população opinar quando uma atitude de alguém era boa ou não. Por exemplo, se alguém dava preferência aos pedestres em uma faixa de segurança, esse alguém recebia cartão verde com polegar para cima. Se alguém jogava lixo do carro na rua, ele recebia cartão vermelho. Criou-se então a co-responsabilidade com educação e vigilância social. No lugar da guarda de trânsito (que ele disse que era reconhecidamente corrupta), Mockus decidiu colocar mímicos que faziam artes indicando posturas erradas da população e tinham também uma missão educativa. Ele disse que quanto mais inusitada era a medida que tomava, mais a mídia dava atenção e mais a população ficava sabendo da iniciativa. Estava assim incrementado o efeito multiplicador que ele desejava. Os policiais receberam treinamento para aprender a formar cidadãos. Os pontos focais eram sempre melhorar a cidadania, consciência coletiva e auto-regulação social. Várias outras medidas foram tomadas e as comentarei em outros textos. Estou coletando alguns artigos que detalham as medidas e os resultados alcançados e em breve voltarei sobre o tema.

terça-feira, 22 de maio de 2007

É Possível Um Pacto Social Contra a Violência?

Esta pergunta conduziu os debates do evento patrocinado pelo Centro Industrial do Ceará (CIC) no auditório da Federação das Indústrias do Estado (FIEC) que estive assistindo ontem. Acho que a pergunta poderia ter sido mais bem formulada, pois segurança pública (que foi o que mais se discutiu) e violência são temas distintos embora fortemente relacionados. O evento foi concorrido com a participação de membros do legislativo, executivo e judiciário. Mostrou o quanto a classe empresarial tem respaldo para discutir temas de interesse da sociedade. O presidente da FIEC abriu o evento ressaltando que o crescimento da violência é um efeito perverso. Ele descreveu o quanto a economia sofre e o quanto a indústria da segurança privada ganha dinheiro com a situação atual (não entendi muito bem o que esta observação visava). A corrupção impera segundo o próprio Presidente Macedo. A má aplicação do dinheiro público e a forma como os governos estão loteando os cargos públicos tendem a piorar a situação atual. Decepcionei-me ao não escutar nenhuma menção para o fato de que só existe corrupção se há um corruptor. Quem possui dinheiro para corromper? Enquanto ficarmos falando de violência e segurança como sendo um problema de outro alguém (e normalmente esse alguém é o governo) não chegaremos a lugar nenhum. Não quero dizer que não devamos cobrar e exigir do governo que o mesmo faça aquilo que deve. Claro que devemos fazê-lo, aliás, é nossa obrigação. No entanto, já deveria estar claro na mente de nossas elites que o problema da segurança pública atual perpassa largamente as ações governamentais. O representante do CIC, em seu discurso, foi feliz em dizer que não adianta cobrar do serviço público a cura para todos os males. Há uma crise de valores que precisa ser revertida. Ele mencionou que se precisa fazer um mea culpa e identificar onde se pode atacar os problemas que exigem união e novamente falou da corrupção (mas repetindo a cantilena de culpar os agentes governamentais). O ponto alto do evento foi a apresentação do ex-prefeito de Bogotá na Colômbia, o filósofo e professor universitário, Antanas Mockus. Sua apresentação foi extremamente rica e especialmente adaptada a realidade brasileira. Em síntese, ele descreveu como um programa amplo de mudança de comportamento das pessoas, atacando valores sociais e culturais pode ter impacto na segurança pública. Estarei descrevendo em mais detalhes sua apresentação amanhã.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

A Internet Está Encolhendo?

Um artigo escrito por Nicholas Carr jornalista do jornal inglês The Guardian levou-me a algumas reflexões. Ele menciona que de 2001 a 2006, o número de endereços registrados da web aumentou 75%, passando de 2,9 milhões para 5,1 milhões. Apesar disso, as pessoas passam cada vez mais tempo em grandes sites como o Google, Wikipédia ou Orkut. Ele acredita que está havendo um encolhimento da Internet, pois os sites mais visitados que em 2001 eram 31% de todas as páginas visitadas no ano passado este número passou a 40%. Parece-me que a conclusão de Carr foi muito simplista. Primeiro, vale a pena ressaltar que sites como Google não são per se o alvo dos usuários, mas somente uma parada para procurar o destino final. Além disso, já tínhamos comentado em um texto anterior (veja-o clicando aqui) que a web segue um fenômeno chamado cauda longa que se caracteriza pela existência de poucos sites que são muito acessados e muitos sites que são pouco acessados. Carr considera que uma das razões para o encolhimento que ele considera existir é o mecanismo de busca do Google que coloca nos primeiros lugares de seus resultados os sites mais populares. Isto privilegiaria o acesso a sites que já são populares. De novo acho que ele ignora outro aspecto que é o dinamismo da web. A descoberta de novos sites gera um mecanismo de comunicação entre os internautas que faz com que sites desconhecidos passem rapidamente a ser fortemente acessados. Isto ocorre principalmente porque a web tem um caráter global, mas as pessoas tendem a procurar sites que atendam a seu contexto local. Por exemplo, se alguém quer comprar uma pizza, fará uma busca por sites que estejam perto da região onde mora. Assisti a uma palestra de um dos vice-presidentes da Yahoo em Stanford que mencionou que uma das características dos sites de busca do futuro era considerar, automaticamente, o contexto do usuário que está fazendo a busca. Com o incremento da computação móvel, será comum levar em conta a localização geográfica automaticamente obtida através de um receptor GPS embutido no dispositivo móvel do usuário (lembro que a Nokia estará em breve lançando telefones celulares com GPS). Enfim, embora não concordando totalmente com o diagnostico de Carr, creio que seu texto nos remete a uma questão mais interessante para uma reflexão posterior: o quanto da Web um programa de pesquisa como o Google consegue capturar?

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Filmes em 5 segundos

Decididamente YouTube vai me fazer cancelar a assinatura de TV a cabo que tenho em casa. Diariamente descubro coisas interessantíssimas. A última foi uma que pesquei do blog do Alexandre Barbosa no Estadão. Versões bem humoradas de filmes famosos em cinco segundos feitos por guywiththeglasses (Um cara com a lente). Abaixo postei dois que achei ótimo tanto pelo fato dos filmes terem sido marcantes como pelas versões reduzidas apresentadas.

Silêncio dos Inocentes


O Poderoso Chefão

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Merda de Cachorro e Cidadania

Tenho observado um constante incremento no número de pessoas que passeia em locais públicos com seus animais de estimação, principalmente cachorros. Isso reflete uma tendência mundial e verificada com muita clareza na Europa e nos EUA. No entanto, nestes países há uma grande diferença. Os donos de cachorros têm a responsabilidade de limpar os excrementos deixados por seus animais. Aliás, essa responsabilidade também existe aqui, mas a diferença é que eles a assumem, nós não. Vi muito na Califórnia os donos de animais de estimação andando com uma espécie de luva de plástico que é usada com este fim. Em muitos parques, estas luvas são disponibilizadas em banheiros públicos da mesma forma que o papel higiênico. Mesmo na França onde esse problema é historicamente reconhecido, novas leis têm surgido com o intuito de penalizar os que não colaborarem com a limpeza pública. Infelizmente, em uma cidade como Fortaleza em que abundam casos de pessoas que jogam lixo de seu carro no meio da rua, parece ser pedir demais observar este detalhe, não? Mas considero que este fato é emblemático de nosso problema social. Não queremos assumir nossos deveres. Queremos ter direitos, mas os deveres... É mais fácil culpar o governo, a prefeitura, a empresa de lixo, etc. Essas pequenas coisas fazem uma diferença grande no final. Continuo dizendo que temos uma grande crise de cidadania e de consciência coletiva. Se aprendermos a respeitar os outros e os valores sociais, aprenderemos, em conseqüência, a cuidar melhor de nosso patrimônio público. Repito, podemos começar nós mesmos.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Sonegação Fiscal e Participação da Sociedade

Sonegação fiscal e participação social já foi um tema de reflexão em texto anterior (clique aqui para acessá-lo). Vou retomar as reflexões, contando um fato que me ocorreu neste fim de semana. Fui realizar uma compra em uma loja de lustres em Fortaleza, Paroma Lustres, e na fila para realizar o pagamento percebi que a pessoa no caixa ficava perguntando aos clientes se eles queriam ou não o cupom fiscal. A princípio não consegui compreender o que aquela questão significava e o que era o tal cupom. Como estive fora esse último ano, pensei que podia se tratar de uma promoção da Secretaria da Fazenda. Quando essa pergunta foi feita a um senhor que estava na minha frente e ele disse que não queria o tal cupom, reforcei meu sentimento de que este cupom seria um bônus qualquer. Ao chegar minha vez, fui questionado da mesma forma, se queria o cupom fiscal. Indaguei o que era mesmo esse cupom e então, para minha surpresa, fui informado que o cupom e a nota fiscal eram a mesma coisa. Disse a pessoa da loja que ela não tinha nem que me questionar se eu queria a nota ou não. Ela era obrigada a fornecê-la. Deixei claro que aquela pergunta tinha me surpreendido, principalmente pelo fato de ter visto um cliente antes de mim que não tinha recebido a nota pela sua compra. Esta situação me remete a uma reflexão sobre a natureza deste tipo de imposto e do desconhecimento dos cidadãos da sistemática de seu funcionamento. Para explicar de uma forma simples o fato de que os comerciantes são meros repassadores do valor do imposto pago pelo contribuinte, deixe-me criar a seguinte situação hipotética. Se eu for comprar um produto que me custa cem reais, dezessete reais deste montante não são do comerciante, mas do governo. Eu estou somente solicitando ao comerciante que receba os dezessete reais e que os repasse ao governo para que o dinheiro seja aplicado em educação, saúde, segurança, etc. O dinheiro do imposto é meu. Não é do comerciante. A maneira de formalizar este acordo é através da nota fiscal. Ou seja, o comerciante emite a nota para confirmar que recebeu os dezessete reais, se comprometendo a passá-los ao governo. Quando ele não emite a nota, ele se desobriga a passar o dinheiro para o governo. Cria-se uma típica situação de apropriação indébita. O dinheiro que dei para o governo fica nas mãos do comerciante. Olha que tenho até encontrado muitas pessoas que, por estarem revoltadas com os nossos governantes, declaram abertamente que se puderem sonegar o fazem. Mas especificamente neste caso, se o cidadão não pede a nota, ele não está sonegando, ele está simplesmente sendo enganado. Roubado mesmo. Sendo assim, me questiono: porque há pessoas que não solicitam a nota? Porque alguns dizem que não a querem quando perguntados (o que me parece ainda mais absurdo) ? Só tenho uma resposta. Desconhecimento de causa. Aqui cabe uma crítica aos governantes que gastam tanto com campanhas publicitárias dos mais diversos tipos. Porque não investir em campanhas que esclareçam isso? Porque não investir na formação de uma consciência coletiva de cidadania? Porque não realizar ações educativas nas escolas esclarecendo os mecanismos que nós mesmos criamos para viver em coletividade (como a logística dos impostos)? Bem, se eles não fazem, façamos nós mesmos o que estiver ao nosso alcance.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Sinceridade Papal

Ainda sobre a visita do Papa ao Brasil, devo dizer que fiquei surpreso positivamente com a postura afirmativa e segura do Papa sobre os problemas brasileiros. O fato de ser autoridade espiritual para a maioria dos cidadãos brasileiros o permite ser sincero e não tergiversar sobre os problemas que nos afligem (enfocando o ponto de vista da igreja, é claro). E foi exatamente isso que ele fez. Contrariando alguns que esperavam somente uma visita de cortesia com elogios e troca de tapinhas nas costas (o que não deixaria de ser muita hipocrisia), ele foi muito incisivo em seus comentários mostrando um completo domínio da realidade brasileira. Desde a classe política até a mídia televisiva, sobrou para todo mundo. Por exemplo, ele pediu que os pastores buscassem formar “ nas classes políticas e empresariais um autentico espírito de veracidade e honestidade”. Sobre a mídia ele disse que "É preciso dizer não àqueles meios de comunicação social que ridicularizam a santidade do matrimônio”. Foi um recado direto a televisão e em particular as telenevolas dito pelo especialista do Vaticano (Jornal OPovo dia 13 de Maio). Ele acrescentou que “ as ficções veiculadas pelas telenovelas não mostram uma família normal. Existem infidelidades, traições, há filhos nascidos fora do casamento, pessoas que passam de uma cama a outra e há o sexo livre. Tudo isso contraria o que é a doutrina moral da Igreja sobre o matrimônio". Ele acha que o que a Igreja constrói educando os jovens nas paróquias e nos oratórios é destruído pela televisão, porque ela é mais forte, mais incisiva do que a pregação de um padre ou de um bispo. Esses comentários me fazem enfatizar a opinião veiculada em um texto anterior de quanto o perfil dos padres é importante para que essa missão seja realizada.

domingo, 13 de maio de 2007

A Necessidade de Bons Pastores

Aproveitando a visita do papa Bento ao Brasil vou refletir um pouco sobre a religião católica. Percebo que há um grande número de pessoas (e mesmo de fiéis) que acredita que alguns dogmas da Igreja católica deveriam ser mudados para acompanhar a evolução dos tempos. Trata-se de tema delicadíssimo e complexo, mas busco entender a posição conservadora da Igreja. Entendo que os valores fundamentais de uma religião não têm a obrigação de serem populares. Os valores morais defendidos pelas religiões visam estipular um padrão comportamental das pessoas em uma sociedade (outro debate seria analisar o quanto isso é bom e o quanto é ruim). O fato é que as culturas mudam com muita freqüência e nem todas essas mudanças são ortogonais aos valores religiosos. Se as religiões acompanhassem essas mudanças correriam o risco de perder identidade e não cumprirem sua função. O surgimento de incompatibilidades é uma conseqüência natural. Em particular, a igreja católica centra boa parte de suas energias na família e em torno dela gravitam outros temas como aborto, comportamento sexual e divórcio. O comportamento das pessoas face estes temas sofre modificações freqüentes. Continuar motivando seus seguidores a viver segundo valores conservadores não é tarefa fácil e creio que é fortemente relacionada com a qualidade dos padres. Nesta direção, um aspecto que me intriga refere-se à impossibilidade de se ter pastores casados. Em meu parco conhecimento teológico, não consigo vislumbrar onde este dogma seja um pilar mestre de sustentação de um valor moral específico. A manutenção desta medida, no entanto, tem sido catastrófica para a Igreja Católica. Vêem-se casos de desvios de comportamento sexual dos padres que têm sido mais freqüentes do que se podia esperar, o que abala a fé dos seguidores e a credibilidade da instituição. Outro aspecto refere-se ao fato da procura para ser padre ter diminuído além da qualificação dos mesmos também ter diminuído. No Brasil de alguns anos atrás, as famílias queriam que os filhos fossem médicos, advogados e padres. Atualmente isso não é mais verdade (no que se refere aos padres!). A necessidade de bons pastores é essencial para qualquer religião. Trata-se de um papel de liderança que requer conhecimento teológico e, acima de tudo, sensibilidade social. Impor aos padres a barreira de não permitir a formação de uma família (que, como já disse, é um dos valores fundamentais do catolicismo) me parece um contra-senso e um erro estratégico que poderá custar caro no futuro.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Pesos Pesados e “Take Five”

Aos amantes de música, YouTube é um regalo. Há uma diversidade de material impressionante. O vídeo de Pavarotti e Barry White postado abaixo é um exemplo. Os dois são literalmente pesos pesados em tamanho, relevância como artistas e principalmente em voz. O vídeo é histórico, pois infelizmente não teremos mais como escutar Barry White ao vivo, e enfim, mostra o quão eclético Pavarotti consegue ser. Em seguida pode-se ver outro vídeo, desta vez destinado aos amantes do Jazz clássico: Dave Bruback em 1961 tocando seu carro chefe inigualável "Take Five" com Paul Desmond no sax. Apreciem sem moderação.



Mestrado e Doutorado como Potencializadores do Empreendedorismo

Em textos anteriores discorri sobre os cursos de mestrado e doutorado e de como os mesmos visavam uma formação científica e qualificavam o pesquisador. Como boa parte da pesquisa científica mundial é feita em Universidades e os pesquisadores são também professores, se associa naturalmente o aspecto acadêmico e docente à pesquisa. No entanto, quero enfatizar outra possibilidade que um estudante pode explorar ao realizar os cursos de mestrado e doutorado: a qualificação para o empreendedorismo. Vejo uma forte relação entre o empreendedorismo e a capacidade de inovação. Pude vivenciar isto neste último ano em que estive na Califórnia. Ele é exemplarmente presente no vale do silício e em particular na Universidade de Stanford. Há uma atmosfera de inovação que contagia e que se perpetua onde o tom principal é dado pela sinergia entre as descobertas científicas e seu uso prático em empreendimentos inovadores. Neste sentido, transparece que a qualificação dos estudantes que realizam mestrado e doutorado é um fator determinante para que se consiga produzir tanta inovação. A formação científica traz algumas características ao estudante (e profissional) que são fundamentais para a formação de um perfil empreendedor. Vou me concentrar em dois aspectos. O primeiro refere-se ao inerente estilo crítico e analítico que se requer de um pesquisador. Uma característica sine qua non é aprender a aprender e principalmente a identificar problemas a serem resolvidos. Costumo mencionar aos alunos que a parte mais difícil de um trabalho de pesquisa é a fase de identificação de um problema. Aqui vale a pena esclarecer o que considero ser um problema de pesquisa. Um problema de pesquisa tem uma escala global. Ou seja, ele ainda não foi resolvido por ninguém no mundo. É bem verdade ainda que existem problemas que já estão identificados e que o desafio maior é encontrar a solução para os mesmos ( a vacina contra a AIDS, por exemplo). No entanto, em muitas ocasiões encontrar problemas de pesquisa implica na identificação de carências e limitações na forma de viver e nos instrumentos que usamos em nosso cotidiano. Gosto sempre de mencionar a web 2.0 e sua faceta colaborativa como exemplos disso (veja um dos textos que escrevi sobre isso clicando aqui). Dá para perceber que fazer mestrado e doutorado não se trata de uma tarefa fácil. Há a necessidade de se estudar muito para se conhecer o estado da arte na área de sua especialização. Esse é o passo essencial para a identificação de um problema. Mas o que a identificação de um problema tem mesmo a ver com o empreendedorismo? É que a identificação pioneira de um problema é o primeiro passo para criar uma inovação. É o primeiro passo para se criar algo diferente, que ninguém tinha pensado antes, pois não tinham visto que aquele problema existia. Evidente que se necessita ainda encontrar uma solução para o problema identificado. Trata-se aqui da segunda fase do processo científico e aqui novamente o domínio da matéria que se está estudando é essencial na obtenção de sucesso. Trata-se da fase mais tradicionalmente conhecida pela sociedade onde o domínio de um conhecimento específico favorece a proposta de uma solução para o problema. Enfim, acho que devemos quebrar este estereotipo de que fazer mestrado e doutorado só serve para quem quer ser professor. Afinal de contas o que estes cursos promovem acima de tudo é a produção e aquisição de conhecimento. Querer prever todos os efeitos que isso pode trazer em uma pessoa é prepotente e de pouca amplitude. Aos alunos que querem empreender: pensem nesta alternativa sem medo de ser feliz.

terça-feira, 8 de maio de 2007

FOAF - Um Formato Padrão de Redes Sociais na Web


Um dos fenômenos que mais me intriga nesses últimos anos é o surgimento das inúmeras redes sociais virtuais na web. Reconheço que custei a perceber a importancia disso. Pensava que era mais uma daquelas modas que, com a mesma rapidez que aparecem, desaparecem. Questionava-me ainda porque as pessoas colocavam tanta informação pessoal na web sem nenhuma preocupação com privacidade. Entretanto, depois de algum tempo em que as mesmas continuam atrativas, devo admitir que já acho que se trata de algo para ficar. Dois aspectos me chamam atenção nesse fenômeno. Primeiro, me parece que as redes sociais virtuais ganharam relevância, pois vieram preencher uma carência de nossa sociedade moderna que nos torna individualistas e solitários. Como a necessidade de fazer parte de uma sociedade é inerente ao ser humano, as redes sociais virtuais foram o instrumento para que isso fosse obtido. Elas permitem ampliar o leque de relacionamentos, pois não requerem que as pessoas estejam fisicamente próximas. Para minha surpresa, a privacidade não parece ser uma preocupação muito grande, principalmente para os jovens. Em segundo lugar observo que as redes sociais virtuais formam uma base de dados incrivelmente rica abrindo possibilidades para inúmeras novas aplicações. Por exemplo, há alguns trabalhos de vanguarda em computação que estudam o desenvolvimento de programas anti-spams com o auxílio de redes sociais. Eles buscam calcular o quão próximo o remetente de um email é de seu recebedor. Essa proximidade seria medida através de navegações nas redes sociais do remetente e do recebedor, o que permitiria calcular um valor de reputação para os envolvidos na comunicação. Não é a toa que todas as grandes empresas de software querem possuir dados sobre redes sociais. Orkut, MySpace, LinkedIn são as mais conhecidas (vejam o mapa ao lado que descobri no blog de Alex Barbosa do Estado de SP descrevendo o tamanho de cada comunidade no mundo). Quero aqui alertar para um perigo: a concentração de poder pela acumulação de dados de redes sociais na mão de algumas grandes empresas. Creio que o antídoto para isto é participar de redes sociais armazenadas em bases de dados com formato padrão e de livre acesso. A melhor iniciativa nesta direção, uma proposta isenta, patrocinada pela comunidade científica de web semântica, é a comunidade FOAF (Friend of a Fried). O site FOAF pode ser acessado aqui . A idéia é que você diga quem são seus amigos, construindo sua rede social, e disponibilizando-a na web, mas em um formato padrão (o formato RDF). Informações como email e telefone podem também ser fornecidas, mas de forma criptografada para não terem seu uso deturpado. Vários programas que ajudam a criar um arquivo FOAF estão sendo disponibilizados na web (veja aqui um deles). Um exemplo a ser seguido é o da comunidade LiveJournal que grava toda a sua rede social em FOAF. Enfim, ao participar de comunidades e redes sociais virtuais, não esqueça que está fornecendo dados pessoais que podem no futuro dar um poder imenso a quem os detém. Sendo assim, se considera que não há prejuízo pessoal em disponibilizar os dados, melhor fazê-lo em formato padrão e aberto para que não estejamos ajudando a construir outras Microsofts.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

O Bloqueio de Pandora

Escrevi, há um tempo, quando ainda estava na Califórnia, sobre o Pandora (clique aqui para ver o texto) . Ainda me lembro de como fiquei motivado com o serviço de rádio personalizado pela Internet que o site fornece. Esta semana recebi uma carta de um dos fundadores de Pandora dizendo que infelizmente não será mais possível utilizar o serviço fora dos EUA. A carta explicou-me que o problema é que para que as músicas disponibilizadas no site sejam acessíveis no mundo todo, os empreendedores de Pandora precisam pagar licenças muito caras às gravadoras, o que inviabiliza o serviço pelo menos momentaneamente. Este é mais um capitulo na briga que já vinha mencionando sobre as forças que hoje detém o monopólio de produção e divulgação de conteúdo cultural contra as novas formas que surgem com a Internet. Não será um processo fácil conseguir vencer os obstáculos, mas acredito firmemente que o caminho novo aberto pela web é sem volta. A web vem mostrando diariamente, com o surgimento de iniciativas baseadas em colaboração e produção de conteúdo por muitos, que não há mais espaço para a centralização e controle como os que ainda reinam no momento. Só vai dar para espernear um pouco.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Rembrandt está no Ceará


Quem, indo a Amsterdã, se esqueceria de ir a um museu para apreciar a enorme quantidade de obras de arte dos artistas holandeses, principalmente, dos que viveram na época de ouro dos países baixos por volta de 1600? Em particular todos se lembrariam de Rembrandt como sendo um exemplar típico destes artistas. Pois não é que Rembrandt veio (e ainda permanece) ao Ceará? A exposição de algumas de suas gravuras está no espaço cultural UNIFOR até três de Junho. Imperdível! Rembrandt é para muitos o maior pintor de todos os tempos. Em particular suas gravuras, dentre as quais muitas estão na UNIFOR, são o que mais impressionam. De sua personalidade, gosto do fato de que sua pintura exalava sinceridade. Em um momento onde a burguesia adorava ter seus retratos em paredes mostrando “fotos” das famílias comportadas, Rembrandt pintava o que via e o que sentia (o que nem sempre era de bom grado dos mecenas). Esta iniciativa vem se somar às anteriores de porte comparável como a exposição Miró. Soube hoje pelo Reitor da UNIFOR que negociações para uma amostra Goya estão em andamento. Louvável todas as iniciativas. Não é fácil deslocar o eixo cultural do Sudeste da forma como a UNIFOR vem fazendo. Ao lado, postei um dos óleo sobre tela mais famosos de Rembrandt: “A lição de anatomia de Dr. Tulp”. Este quadro está no museu Maurício de Nassau em Haia. Aliás, para quem for a Haia, recomendo uma visita neste museu, pois há muitas coisas que se referem a colonização dos holandeses ao Brasil (basta ver os móveis e colunas que não tenho dúvida que são de Pau Brasil). As gravuras, não irei postar, pois indo a UNIFOR serão bem melhor apreciadas.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Tecnologia da Informação e Segurança Pública

Quando escrevi o livro Gestão e Tecnologia da Informação em Segurança Pública em 2002 (clique aqui para maiores informações), tinha como um dos objetivos, o de alertar para o cuidado que se deve ter quando se realiza investimentos em Tecnologia da Informação (TI). Passados cinco anos, ao assistir às apresentações no Encontro Nacional do Fórum, conversar com muitos colegas de diferentes estados e mesmo com representantes da SENASP, sinto-me impelido a visitar novamente esse tema. Continuamos sem informações confiáveis para tomada de decisão e assim fica fácil perceber que continuamos aplicando mal os recursos ou tendo pouco retorno prático do que tem sido investido. Encontro muito frequentemente pessoas que me dizem que projetos de TI em suas organizações falharam porque um determinado software adquirido (normalmente em outra gestão!) não presta. O motivo menos provável de um fracasso de implantação de um software em uma Empresa é a qualificação deste software. Não estou dizendo que não existem softwares melhores do que os outros. Que não existem aqueles que são bons e os que são ruins. O problema é que ainda temos um fascínio pelas soluções tecnológicas que nos fazem pensar que ao adquiri-las teremos a solução para todos nossos problemas. Ledo engano. A implantação de qualquer tecnologia da informação em uma organização é um processo doloroso, demorado, caro e que exige qualificação gerencial, capacitação de pessoal, continuidade e muita, mas muita persistência. No contexto das organizações policiais brasileiras esses problemas são potencializados por alguns fatores: falta de cultura em registrar eventos precisamente, pressa na realização de procedimentos porque as demandas são sempre maiores que a capacidade atendimento, pouca capacidade gerencial e, principalmente, pouca qualificação do profissional de Segurança nas tecnologias de TI, além da pouca motivação do mesmo em aprendê-la. No outro lado, encontram-se empresas fornecedoras de tecnologia que muitas vezes também não tem a percepção destas dificuldades. A conseqüência disso é a abundancia de projetos parados, fracassados ou em descontinuidade, o que significa desperdício de tempo e de dinheiro (além obviamente de pouca eficácia da ação policial). Propor soluções para isso em tão pouco espaço como neste texto é impossível (não é a toa que pude escrever um livro todo sobre isso!). No entanto, queria atentar para uma questão geral. Qualquer projeto de compra e implantação de TI tem que vir acompanhando de um plano de implantação do sistema com métricas de sucesso bem definidas. Essas métricas devem exigir o comprometimento do fornecedor com o perfeito funcionamento do produto vendido, com a qualidade da informação que nele trafegará e com a qualificação do pessoal que o utilizará. Isto certamente minimiza o risco de fracassos embora não isente o gestor público de um processo rigoroso de monitoramento onde a tarefa de “convencimento” do público interno de que deve fazer a coisa certa é uma das mais relevantes.

terça-feira, 1 de maio de 2007

O Mundo Nada Virtual da Beira Mar de Fortaleza

A experiência californiana me deixou muito ligado aos novos conceitos da web e fui adquirindo muita familiaridade com o mundo virtual. A iniciativa deste blog, por exemplo, é reflexo disto. Neste primeiro de maio fui dar uma caminhada na Beira Mar de Fortaleza e tive a oportunidade de observar um mundo nada virtual embora que guarde sua semelhança. Para os que não conhecem Fortaleza, a Beira Mar é uma área ao bordo do mar de aproximadamente 6 km que vai da praia de Iracema até o Iate Clube. Creio ser uma das regiões de maior movimentação turística no Brasil e se pode encontrar de tudo lá. Fiz um exercício divertido de identificar pessoas que personificavam, em carne e osso, os diferentes papéis que agentes no mundo virtual desempenham. Por exemplo, encontrei um cidadão que estava discursando em alto e bom tom, indignado sobre a acumulação de riqueza e as injustiças que isso trazia. Naquele momento ele era claramente um blogger. Suas idéias eram divulgadas ao público que transitava na região que, por sua vez, poderia concordar ou não, ou simplesmente, continuar sua caminhada sem dar-lhe maior atenção (que foi aliás o que me pareceu que a maioria decidiu fazer). Outra espécie de blogger foi personificada por uma dupla que cantava músicas religiosas e que tentava vender um CD com suas músicas. Via-se ali um blogger com interesse comercial. A área de entretenimento se fazia presente com vários artistas realizando acrobacias, encenações mirabolantes (como quebrar cocos com o calcanhar) e contando piadas (o que não poderia faltar no Ceará). O comércio também estava presente através das feirinhas de artesanato, mas igualmente pelos vendedores ambulantes que usam das mais diversas técnicas para atrair os fregueses. Alguns anunciam seus produtos gritando, outros usam alto-falantes. As cozinheiras usam o aroma de suas receitas para seduzir os transeuntes. Observei o quão reduzido era o alcance daquelas pessoas nas suas árduas tarefas de serem ouvidas e prestigiadas (diferentemente da web onde o mundo é o limite). No entanto, eles tinham algo em comum, uma grande intensidade de criatividade, disposição e sentimento que exalava nos seus cantos, discursos e gestos. Isso o mundo virtual não consegue transmitir. Os aromas e ruídos de risos, conversas e cantos que estavam no ambiente estavam impregnados de calor humano que é bem real e brasileiro. Tava com saudade !