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segunda-feira, 19 de março de 2007

Livros: Moral Politics ou Os Valores que Guiam os Políticos Americanos

No livro Moral Politics, G. Lakoff discute quais são os valores básicos dos americanos e de como os homens públicos se portam em relação a eles. É interessante, pois nos ajuda a conhecer melhor como “funciona” a cabeça dos políticos americanos, mas principalmente porque nos leva a procurar analogias com a realidade brasileira. Em resumo, ele considera que o modelo do que se considera uma família ideal é o que dita a forma como os políticos conservadores e moderados se portam face aos principais temas polêmicos mundiais como o terrorismo, aborto, intervenção do estado na economia, etc. Os conservadores adotam um modelo de família com pai autoritário que tem a responsabilidade de ensinar mesmo que para isso precise punir. Daí a idéia de que os valores americanos têm que ser “ensinados” ao mundo, mesmo que algumas guerras sejam necessárias. O modelo de responsabilidades é seguido pelos moderados onde o pai tem o papel de convencer e liderar pelo exemplo. As associações e parcerias são a forma de compartilhar os valores responsavelmente. Como Lakoff é assumidamente um moderado, sua visão dos conservadores é extremamente negativa e por vezes caricaturada. Soa um pouco tendencioso. O aspecto que mais me agrada no seu livro é o fato de que, por ele ser um pesquisador em ciências cognitivas, algumas de suas conclusões se baseiam em estudos experimentais. Em particular, ele se interessa pela forma como as pessoas reagem às mensagens que os políticos passam. Por exemplo, ele estudou como o discurso de Bush é cheio de metáforas que fazem apelo aos valores familiares e em particular à família autoritária. Isto tem se mostrado extremamente eficiente e assim o cidadão médio americano acaba se sensibilizando naturalmente com as mensagens que ele passa. Lakoff sugere mesmo que a habilidade de Bush e de seu time é o que os permitem vender tão eficientemente medidas claramente contraditórias com o que o próprio povo pensa (refletido em pesquisas). Uma espécie de apelo ao subconsciente de parte da população. Essa situação me remete ao poder do discurso de Lula e da forma como ele é assimilado por uma boa parcela da população. Mesmo que seu governo tome medidas contrárias ao que defendia, ele parece ter encontrado (provavelmente sem saber) a forma de atingir o inconsciente do povo. Certamente por ser um representante típico da classes menos favorecidas, mas igualmente pelo fato de que essas classes sempre foram desprovidas de líderes que as representassem. Talvez venha daí a expressão popular, “ele fala a linguagem do povo”.Em que ponto isso se refere ao modelo da família brasileira é assunto para futura reflexão.

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